Ísis e Ósíris

Ele era um lindo homem!

Moreno, 1,80m, olhos castanhos, um lindo corpo esculpido na academia todos os dias.

Era de um magnetismo estonteante, sabia disso e usava essa arma de maneira precisa e calculada. Uma pessoa culta e inteligente, excelente desenhista, e como era bom com as palavras e com as letras!

Nos seus trinta e poucos anos, ele já tinha conseguido ir longe em algumas coisas, teve um bom emprego, muito bem remunerado, mas tudo muito estafante, chegava mesmo a ser doentio.

Num determinado momento achou melhor parar com tudo aquilo, nada valia a sua saúde. Tinha capacidade para continuar a vida sem tanto status, mas com mais qualidade.

Decidiu então, trabalhar de uma maneira mais leve, fazendo trabalhos free lance, e aproveitaria aquele curso que fez de barman no ano passado, e ia mesmo aceitar a oferta do Carlos, para trabalhar no “Dream’s Bar”, preparando drinks, seria divertido, além da grana que dava para tirar.

O que tinha a perder, nada?!

Já faz seis meses que começou essa nova vida e tudo estava indo bem, financeiramente a vida estava igual.

AH! Essa história de ir trabalhar no Dream’s foi muito legal.

Conheceu muitas, muitas garotas de todas as formas, encantava-as com sua maneira gentil, com seu olhar introspectivo, esse jeito de uma certa tristeza, que não se sabia bem de onde vinha!

Vamos combinar! Qual mulher que não “cai de quatro,”por um homem lindo, atrás de um balcão de bar, olhando com esse ar de “te quero”; que entre um drink e outro lhe entrega num guardanapo um lindo poema?

Meu Deus! Você tem que ser louca, para ficar insensível por um homem com tantos atributos magnéticos.

Obviamente, ela não ficou imune!

Uma noite, uma daquelas noites que a gente sai para dançar um pouco, olhar pessoas bonitas e quem sabe beijar alguma boca foi parar no “Dream’s Bar”.

Estava com uma amiga, que naquela hora da noite, estava perdida em algum canto com alguém, com certeza. Resolveu pegar um drinque no bar, afinal aqueles lindos homens

servindo, faziam um bem danado aos olhos, mesmo que a alma continuasse se achando só e carente. Pediu o drink característico da casa.

Gente que homem é esse!?

Isso é real? Esse Deus Grego realmente existe?

Ainda por cima sabe preparar um drink...Isso é brincadeira!

Foi ficando por ali mesmo, já, já ia querer tomar outro mesmo....

Nossa ele também notou a presença dela ali do outro lado do balcão.

No meio de todas aquelas mulheres lindas e perfeitas, debruçadas naquele balcão, ele a olhava insistentemente.

Não! Ela não estava vendo coisas, não!

Bem..!!! Mais um drink e junto com o guardanapo veio um lindo poema!

Meu Deus! O que é isso! Um Deus que escreve poemas? Ninguém merece....

Voltou muitas vezes ali, claro.

Começou na rolar um clima, descobriu seu nome e que tinha um dia da semana em que ele não trabalhava, mas ia lá para se divertir, encontravam-se, dançavam, conheciam-se.

Mas havia uma certa resistência nele, por ela já tinham se encontrado em outro lugar.

Uma noite tomou coragem e disse muitas coisas, ele se abriu também, contando muitas coisas da sua vida, da sua alma, das suas dores.

Ela mostrou-lhe que estava realmente apaixonada por ele, e queria muito que toda essa estória tornasse-se real, porque não levar esse suposto amor para fora daquele lugar?

Ele sentia por ela um bem-querer danado, mas esse tipo de amor o assustava. Estava difícil

lidar consigo, estava difícil enxergar suas dores, suas limitações, não queria e talvez não pudesse lidar com esse tipo de amor.

Ah! Mais a mais, há todas aquelas lindas e adoráveis mulheres querendo ouvir suas palavras, ler seus poemas, beijar sua boca.

Pra que abrir mão de tudo isso?

Amor!?

Quem disse que é isso que quer na vida agora? Acha que não !!!

Bem, lógico que ela não é uma mulher inocente e imatura, está apaixonada e quando estamos apaixonadas somos todas iguais e reagimos todas da mesma forma, pra isso basta nascer mulher!

Quer dizer, mais ou menos...não é exatamente assim...

Ela já tinha vivido um grande amor, sabia a alegria e a tristeza que disso pode vir.

Isso, não seria impedimento para viver de novo um grande amor, mas fazia com que ela tivesse armas, maneiras de não deixar que isso a ferisse além do que é possível impedir.

Já tinha percebido todas as resistências dele, e o mais importante, já tinha visto como ele jogava charme a todas, tinha até visto guardanapos com poemas sendo passado.

Um dia sem querer, acabou ouvindo uma conversa de uma garota que comentava o poema que acabara de receber... Nossa era parte do seu poema, daquele que tinha ganhado de presente... Aquele que imaginava seu... Droga! Dói! Dói muito.

Aí ela pensou, será que vale a pena? Não certamente que não.

Ia parar com essa estória.

Estava realmente amando, estava cansada desse jogo, não tem o direito de obrigar ninguém a nada, muito menos a lhe amar.

Mas tinha a obrigação de se amar.

Isso ela tinha aprendido a fazer e sabia fazer muito bem, se amar, respeitar seus limites, não exigir de si mais do que é capaz de dar.

Bem ia sair de cena, pelo menos não seria mais a protagonista nessa estória.

Tudo indicava que ela estava querendo um espaço que não era o seu.

Bem... Ele estava confuso, o que fazer com esse sentimento? Mal sabe lidar com seu sentimento, mal sabe o que fazer com todas essas dúvidas que assolam a sua alma...Quem é...Pra onde ir...Porque tanto medo do que não sabe?

Estava indo tão bem. Se divertindo, todas essas mulheres maravilhosas a seus pés, tinha descoberto um mecanismo de conquista infalível, palavras lindas e um ar nostálgico! Todas

o queriam e ele tinha por elas um bem-querer danado, por algumas um sentimento de carinho muito especial, por outras puro tesão. Todas o queriam, todas achavam ser seu remédio.

Não estavam enganadas, todas eram seus remédios, faziam com que esquecesse o vazio enorme que pairava dentro dele.

Mas agora era diferente o que sentia por Ísis, ela mexia com ele, ela fazia ele sentir coisas que preferia não sentir, era perigoso, podia acabar em dor, ele já tinha visto isso antes. Lembrava perfeitamente da dor de passar por esse sofrimento.

Não! Ia manter-se assim, protegido e seguro, exatamente como estava.

Quando ela sai de casa naquela noite, saiu decidida a acabar com tudo isso...Suas madrugadas no Dream’s tinham sido lindas, inesquecíveis, mas a vida é feita também de.

dias, manhãs, sol, luz, se ela não conseguia transformar suas madrugadas em dias completos pararia.

Por amor próprio, e pelo enorme amor que havia aprendido a sentir por Osíris, amava-o muito, queria muito o seu bem, não tinha o direito de impedir ou de pensar em impedir que ele tivesse a vida que escolheu.

Sempre disse:

_ “Quem ama deixa ir”.

Não agiria diferente agora, amava-o demais, tinha que deixá-lo livre para seguir o caminho que escolhesse.

Tudo isso será dito essa noite, estava decidida.

Como o destino é terrível, quando chegou viu aquela linda oriental, que sempre estava em volta dele, o pior, quer dizer, não é o pior..só força de expressão. Mas aquela mulher poderia ser uma pessoa muito boa, quem sabe a pessoa certa.

Tinha que tomar cuidado e não deixar a vaidade falar mais alto têm-se a tendência de achar que somos a salvação para nossos amores, mas nem sempre isso é verdade; pelo contrário....Ás vezes somos o veneno!

Bem da maneira menos doída possível, disse a ele que era melhor parar por ali, que ele estava livre para levar a vida que quisesse.

Foi para casa chorou muito, muito, doeu demais.....

Mas a vida continua, as dores a gente cura com ocupações.

Estava difícil, bem difícil!

Todas as noites, como agora, na hora de por a cabeça no travesseiro era muito doido, tinha um vazio enorme dentro do peito, precisava respirar bem fundo, para ver se preenchia com ar toda essa dor.

_Nossa campainha!

Abriu a porta.

Lá estava seu DEUS GREGO, em carne e osso, materializado sorrindo! Sorrindo! Quem

disse que ele não sabia sorrir?!

Que bobagem! Seu sorriso tem a luz mais clareadora que possa imaginar!

Bem como ele chegou até ali, isso era assunto pra bem depois....

Agora eles iam se amar, se amar muito, dizer milhões de vezes te amo.

Dizer poemas, realizar sonhos e fantasias.

Viver um grande amor!

O amanhã, o ontem...a Deus pertencem!

Agora o hoje!

Ah! Esse é todo nosso!

Mariacleia
Enviado por Mariacleia em 10/06/2007
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