TRANSANDO NA ROÇA


Tava na roça de férias da faculdade, cortando capim napier pra tratar o gado. Chegou seu Umbelino, com um imenso chapéu à cabeça, montado num cavalo baio e acompanhado de seu cachorro, o Tarzan. Imenso mesmo era o chapéu, pois ao meio dia ele sombreava tanto o cavaleiro, quanto o cavalo e o cachorro.
__Tarde!
__Boa Tarde!
__Seu Irineu tá em casa?
__Vamos apear.
Ele ficou calado, esperando que eu o respondesse.
__Não, não está. Foi em Itapuranga buscar vacina pro gado e comprar umas coisas.
__Eu tô indo ali pros lados dos Paulinos, cê sabe se seu pai tá transando pros lados da Diolândia ou pros lados da ponte do Gabrielão?
"Que conversa torta", pensei. Mas eu sabia do que se tratava.
__Ainda não arrumaram a ponte do córrego. Ele transa é pro lado de Diolândia mesmo.
__Que disgrama!
__Mas se o senhor seguir até em cima - apontei com o dedo a direção - pode pegar um atalho a esquerda, lá tem um vau onde pode atravessar, saindo lá na casa do meu avô. Lá o senhor pode transar a vontade.
__É mesmo? Então vou transar por esse atalho.
Lá foi se Umbelino, com seu cavalo baio, seu cachorro chamado Tarzan, debaixo da sombra de um chapéu, a procura de um atalho pra transar.







 
José Eustáquio Ribeiro
Enviado por José Eustáquio Ribeiro em 28/04/2015
Reeditado em 29/04/2015
Código do texto: T5223425
Classificação de conteúdo: seguro