"Sei Lá, Entende..." = Humor=

Eu não estou com a menor vontade de escrever.

Sei lá...De repente me bateu um cansaço, uma preguiça, um desânimo absurdo, e fiquei assim:sem a menor vontade de escrever. E não adianta tentar por que quando fico assim não tem jeito de sair coisa alguma. Que preste ou que não preste. Não consigo escrever sobre amor, política, amizade, aventuras, tesões, desejos, carinho, violência, enfim, sobre coisa alguma. É difícil, mas acontece. E quando acontece, não há meio de resolver.

Se eu estivesse, agora, com vontade de escrever, minha história seria sobre...sobre...sobre...deixe-me ver...êpa, tive uma idéia: sobre um escritor que perdeu a vontade de escrever.

O escritor que perdeu a vontade de escrever sentou-se à frente do computador, ligou-o, esperou que todos os ícones aparecessem na tela, escolheu, clicou no Word, escolheu um tipo de letra, depois escolheu um tamanho de letra, ficando finalmente com o “comic sans” 12, e escreveu a primeira linha: “Eu não estou com a menor vontade de escrever...”, mas persistiu, apesar da falta de vontade, e acabou conseguindo o seguinte texto: “Eu não estou com a menor vontade de escrever, mas, de repente lembrei-me de um caso que não pode deixar de ser contado enquanto estou vivo. De repente eu morro e a humanidade perde a chance de saber o que aconteceu com uma pessoa de minhas relações (sexuais) muito estimada. Um caso realmente pavoroso, impressionante, inesquecível e, acima de tudo, difícil de acreditar que tenha acontecido com alguém. Difícil mesmo. Quase impossível acreditar. Pensando bem, nem dá pra acreditar. Mas mesmo assim vamos a ele: “Era uma vez uma escritora que, tendo perdido a vontade de escrever, resolveu caminhar a esmo. Caminha daqui, caminha dali, caminhando sem parar, de repente viu-se à beira de um lago. De um lago imenso, lindo, calmo, azul de dor nos olhos. Vendo esse lago, a escritora parou e contemplou-o por longo tempo. Tanto tempo que quem a visse pensaria que nunca mais ela sairia de onde estava. De onde estava contemplando o lago. Sem a menor vontade de escrever, quando, de repente, não mais que de repente...”

Eu não disse? Não adianta. Quando não estou com vontade de escrever...