ESCOLA DA VIDA


Na escola da vida aprendemos, que as coisas não são tão fáceis, como em nossa meninice pensamos. Das muitas recordações que ficaram de minha infância, lembro-me de minha mãe ajudando no tema de casa...Ela era tão leiga. Não tinha o curso primário completo; mas com muita dedicação e carinho estava sempre pronta para ajudar, nos trabalhos da escola. Ela queria que eu fosse "uma moça estudada", estas eram as palavras de minha mãe, que na pureza de sua alma e na grandeza do seu coração, queria que eu tivesse um futuro promissor; lutava com toda a sua força para que eu tivesse um futuro melhor que o seu.
Com o tempo passando e minha juventude chegando (fase de nossa vida onde tudo é maravilhoso), os sonhos, os planos de carreira, a busca por nossa real identidade. Os amigos e as músicas registradas para sempre, na nossa memória. Meus pais se preocupavam muito com o meu futuro!
-Que eu seria quando adulta?
-Que rumo a minha vida tomaria?
-Que profissão teria?
Afinal de contas, os pais sempre (ou quase sempre), pensam em um futuro melhor para os seus filhos. Na minha adolescência, eles queriam me mostrar, que a vida nos apresenta vários caminhos a seguir; mas somos nós que com sabedoria, escolheremos a porta de entrada. E como meus pais diziam:
- Pense muito bem no que você vai fazer, para que não se arrependa!
Hoje entendo o medo que eles tinham, de que eu pegasse um caminho sem saída. E os quantos desejavam, que eu fosse muito feliz.
Eles não me deixavam sair sozinha (raramente saia), lembro-me que chorava muito, mas nem experimentava, desacatar a autoridade de meus pais; porque os respeitava muito. Quando ia a uma festa, minha mãe sempre acompanhava. Sair com amigos, como é comum hoje em dia, nem pensar! Na época sair à noite, sem a companhia dos pais, seria um escândalo.
Com quinze anos fazia o 2º grau, queria prestar vestibular para medicina (estava cheia de planos), mas a vida é cheia de mistérios e por motivos que prefiro não revelar, tive que dar novos rumos a minha vida. E não guardo mágoas um só momento, pois às vezes, os fatos acontecem sem que seja da nossa vontade, e acredito que fosse a vontade de Deus naquele momento. Talvez por não ser a hora exata de acontecer, tudo há seu tempo, muitas vezes os sonhos de outrora viram pó; mas ficam para sempre, guardados nas páginas do livro de nossa existência.
O tempo passou, minha juventude se foi. Hoje tenho boas recordações de minha infância, minha juventude e tudo de bom que aconteceu nestas fases de minha vida; agradeço a Deus e aos meus queridos pais, por tanta dedicação, por terem me ensinado a amar e respeitar. Aprendi, que devo reverenciar, não só a eles; mas a todas as formas de vida, existentes na face da terra e inclusive ela. Com eles aprendi, que ser solidário não tira nem um pedaço de mim, muito pelo contrário, enaltece o nosso ser, encheu-o de alegria. “Dividir com o próximo, um pedaço de pão é valorizá-lo como irmão”. Aprendi que é preciso lutar pelo que se quer, mesmo que pareça ser impossível; não podemos desistir de lutar pelos nossos objetivos. Hoje posso passar aos meus filhos, os ensinamentos que recebi de meus pais. Estou com trinta e sete anos, voltei a estudar e sinto muito orgulho disso! Mas agora não penso mais no curso de medicina. Trabalho num escritório de cobrança e faço o curso técnico de contabilidade. Sempre há tempo pra quem deseja recuperar o tempo perdido; ainda mais quando temos, uma boa orientação familiar, estamos melhores preparados para a nossa vida inteira, mesmo que ela se apresente de forma inconveniente, estaremos sempre dispostos a trilhar novos horizontes, aprendendo e ensinando, na melhor escola, a escola da vida.

texto original escrito em 25/08/98



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Vera Lúcia Souza
Enviado por Vera Lúcia Souza em 12/06/2007
Reeditado em 15/08/2009
Código do texto: T523163
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