Nuvens Negras.

Nuvens negras avolumam-se, periquitos comem restos de jabuticabas murchas que se agarram com muita resistência ao pé, do lado de lá o Homem de Ferro, pendurado na base do pula-pula, não passa de um brinquedo tolo... Uma filha pra cuidar, essa palidez que não cessa, os poros dilatados, cervejas mornas, mortos-vivos se arrastando pelas calçadas, velhas delirantes com suas sombrinhas a tira colo, almas penadas tentando sugar a fumaça do cigarro de um viciado que pita sentado no banco da praça, agiotas idiotas na esquina da sorveteria aguardando a chegada de algum desesperado... Bem ao fundo do Mundo, um pobre diabo tenta se enforcar nos fios da rede elétrica, mas se lembra no último instante que tem um gato, chamado Nelson, para cuidar, e volta cabisbaixo para casa, chorando baixinho..., enquanto as máquinas não cessam de triturar cabeças.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 28/05/2015
Reeditado em 29/05/2015
Código do texto: T5258089
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