O Sublime destino de um floricultor

Havia em Curitiba um floricultor pouco conhecido, que trabalhava como jardineiro, e cultivava rosas e cravos, dos quais eram os mais lindos da cidade; flores que ele não vendia por nada, já recebeu diversas propostas para venda-las, mas sempre recusava, pois cultivava-as com amor, e por esse motivo não as vendia, mas sim as doava.

Morava no subúrbio, casado com Ana, amava-a como amava suas flores e seu trabalho. Certo dia, tinha que ir ao jardim de uma, dos seus poucos clientes; acordou cedo, tomou café, arrumou seus utensílios em sua bicicleta, despediu-se de Ana e partiu. No meio do trajeto viu uma cena rara e perturbadora; uma menina maltrapilha, pedindo comida no meio do trânsito em pleno movimento! a criança parecia estar perdida, chorando muito, e os carros iam se desviando dela, até o sinal parar e ela ir de carro em carro pedir esmola, mas o dia estava frio e nublado, e ninguém abriu a janela para a pobre criança. O floricultor estava com lágrimas nos olhos, sentiu uma enorme compaixão pela criança, então atravessou a rua e foi até a calçada que ela estava, a menina devia ter uns sete anos, estava suja e fedendo muito, ele deu sua marmita para ela e enquanto ela comia, ou melhor devorava a marmita, ele pegou de sua bagagem uma rosa branca com detalhes em vermelho e um cravo amarelo com detalhes em bordô; entregou as flores, e antes de partir perguntou seu nome, era Angélica, e prometeu que de noite ia lhe trazer comida e cobertas.

Já era noite e fizera um trabalho sensacional no jardim da dona Maria, ela gostava muito dos serviços dele, e também dos cravos e das rosas que ganhava; antes de ir, contou da criança para a senhora e ela comovida com tal história, mandou preparar uma boa refeição e algumas cobertas, pediu para traze-la, dona Maria se comprometeu em ajudar. Ele agradeceu e prometeu que amanhã estaria lá com Angélica. A noite estava muito fria, ventos gelados deixava-o preocupado, então chegou na rua que ela estava, não a viu, ficou desesperado e começou a procurar em baixo de algumas marquises, demorou até ver uma pequena silhueta em posição fetal, foi lá correndo, e encontrou o que estava procurando! ficou assutado, do nada começou a chorar, estava lá a criança, abraçada com as duas flores, em cima de papelões, estava enrijecida, cinza e gelada! ele ficou desnorteado e foi direto para sua bicicleta.

Chegou em casa, estava sem chão, e sua esposa preocupada perguntou o que houve; ele lhe contou toda a história, eles se lamentaram por toda a noite e ele sempre repetindo estas palavras: "Eu podia ter salvo ela". O dia amanheceu, ele estava indisposto, Ana o acordou e o animou para o trabalho, demorou para levantar, comeu pouco e saiu de casa só depois do almoço. Quando estava no portão, uma velinha lhe toca no ombro e lhe entrega duas flores, uma rosa amarela com detalhes em bordô e um cravo branco com detalhes em vermelho, ela sorriu e foi sem dizer nada, quando ela estava longe ele perguntou seu nome e ela disse: Angélica.

DUON
Enviado por DUON em 17/06/2015
Reeditado em 13/02/2017
Código do texto: T5280534
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