A HISTÓRIA DO JUMENTO QUE NÃO SABIA NADAR

A HISTÓRIA DO JUMENTO QUE NÃO SABIA NADAR

Pedro tinha um amigo de fé chamado Sebastião, certo dia assim o chamou para contar a história do jumento que não sabia nadar:

-Bastião senta aqui que eu vou te contar a história do jumento que não sabia nadar.

Bastião então lhe perguntou, rapaz que conversa é essa?

-Pedro, vem, senta aqui.

Pedro puxou o tamborete colocou do seu lado, fez o bastião sentar e começou:

Certo dia dois amigos saíram para caçar, um se chamava Joca e o outro Neco. Pelo caminho, para aqui, para acolá, deram de cara com um bando de sabiás. Logo Neco apressou-se em alertar Joca de que estes não podiam caçar devidos serem pássaros cantadores, portanto não comestíveis, pássaros que nasceram para cantar e alegrar a vida no campo, assim como para enfeitar a Natureza.

- É tens razão, precisamos encontrar um bando de rolinhas, ou de aves de arribação, vulgarmente chamadas no sertão de "arribaçã."

Diga-se de passagem, aves que emigram de partes distantes do outro lado do oceano Atlântico, se não me engano da África, para se reproduzirem no sertão nordestino, de carne muito saborosa quando secas no sal e fritas depois de dessalgadas.

Continuando pelo caminho espinhoso se depararam com o açude do boqueirão quando Joca comunica a Neco que vai nadar porque o sol esta a muito quente e precisava se refrescar.

Tomaram de seus facões e começaram cortar troncos de bananeiras para fazer uma balsa. Balsa pronta adentraram no açude acionando a balsa com uma vara grande que ia até o fundo e impulsionava o artefato em direção a grande profundidade do açude. Quando chegaram no meio, impulsionados parte pela vara, parte pelo vento, notaram que o vento parou e a vara não atingia mais o fundo para impulsionar a balsa. Permaneceram um tempo em calmaria sem ter muito que fazer quando de repente Joca anunciou que iria voltar no braço porque já ia escurecer, estava com fome e pelo jeito aquela geringonça não se moveria dali por muito tempo. Ao acabar de falar Joca, tibungo na água que logo fez aquelas rodas em torno do mergulho. Desapareceu por um bom tempo, suficiente para preocupar Neco. De repente Joca põe a cabeça de fora já na metade do trajeto entre a balsa e a beira do açude. Neste instante, Neco sentindo-se isolado, não se deu conta de que não sabia nadar e tibungo na água. Começou então a descer e subir engolindo água por todos os buracos que se encontravam aberto no seu corpo. Há cada tibungo engolia no mínimo um copo d'água, quando se deu conta que não sabia nadar seu bucho já parecia uma timba cheia d'água. Sequer podia gritar, até porque se o fizesse não seria ouvido. Enquanto Neco se afogava. Joca indiferente ao acidente nadava, já quase chegando à beira do açude. Ao sair da água, olhou em direção a balsa e não viu ninguém, olhou em direção ao trajeto que nadou e também não viu ninguém, quase apavorou quando viu um movimento longíncuo na água de algo que subia e descia. Não teve dúvidas, logo pensou - é o Neco que está se afogando, pensou de novo e concluiu: oxênte, me esqueci que o cabra não sabe nadar, com os seus botões disparou: será que esse jumento esqueceu que não sabe nadar? Perguntou a si mesmo. Diante da emergência não pensou mais, lançou-se em direção ao grupo de homens que conversavam distraidamente no balde do açude e não viam o Neco se afogando. Alertados pelo Joca caíram na água por conta de salvar o Neco. Concluído o salvamento o deitaram sobre o chão e começaram a comprimir o bucho do afogado, quando um dos presentes gritou: vamos colocá-lo de cabeça para baixo, assim o fizeram. Pendurado pelos pés Neco botava água por todos os buracos permeáveis do seu corpo, depois de recuperado e já respirando alegou que quando estava dependurado se sentiu um bode no sacrifício, logo depois, abordado pelo grupo sobre sua jumentice, disse que nunca se sentiu jumento por ter mergulhado sem saber nadar, mas que o fez porque pensou que o jumento era um peixe! Também pudera, à época Neco tinha oito anos.

José Antonio da Silva - João Pessoa- 14/07/2015.

Zeantonio
Enviado por Zeantonio em 14/07/2015
Reeditado em 08/08/2015
Código do texto: T5310916
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