O só e sua sombra

Era um homem só e sua sombra. Era sua sombra também só, só e sem vida. Aquele local lhe limitava dois passos a qualquer direção que fosse. Mas ele não se perguntava o porque daquilo tudo, porque estava ali, o que ele era. Não falava, não enxergava, não ouvia, não tinha olfato, nem paladar. Apenas sentia algo todos os dias colocar algo em sua boca e fazer com que engolisse. Sentia também algo frio que lhe descia facilmente pela garganta. Mas não sabia o que era. Ele apenas se mexia. Sentia dores, ficava doente, mas não vivia. Já fazia 25 anos e ele estava lá, desde o dia que nascera. Apenas o que fazia era dormir, mas com o que será que sonhava? Ninguém sabia. Um homem sem estórias, que impede a decorrência desse texto.

Epa Filho
Enviado por Epa Filho em 24/09/2005
Código do texto: T53445