Eu Prometo

Eleição na cidade e as cores assomadas aos personagens falavam por seus nomes. Maria era a situação vestia amarelo e Vanusa, que almejava o palácio rosa, da governadoria de Caciporé era azul. Como toda movimentação política, os ânimos e o comércio estavam acirrados. Porta a porta as cores disputavam.

- Agora é azul! Dizia a moça da lanchonete. Não tem pra ninguém. Esse governo é perseguidor, mas quando nos entrarmos lá tudo vai mudar.Vocês vão ver só. E não cansava de dizer isso a eleitora ferrenha.

Por outro lado, alguns clientes brincando retrucava:

- Você não sabe o que diz! O Amarelo é a cor do ano e vamos vencer “se Deus Quiser”. Assim os dias iam e vinham. Pesquisas e debates arrastavam as multidões. Bandeiradas e caminhadas assomadas a comícios em vários bairros aclimatavam o ar quente. Nas rádios os locutores dos programas promoviam debates, entrevistavam pessoas e buscavam informações acerca do governo e das propostas de ambas as candidatas.

Cheia de esperança aquela mocinha seguia as suas confusas convicções. Pois embora definida, estava também confiante nas promessas de campanha da sua candidata, em particular a sua pessoa.

Na quinta feira da última semana em curso a televisão, por ser a audiência principal promoveu debate ao vivo e lá se podia ver a moça da lanchonete de um lado com toda a sua garra e parafernália de compromisso de campanha e do outro os funcionários da empresa, que tinha a senhora Vanusa como dona.

No domingo de eleição a pino, muita gente circulava pelos colégios, muitos santinhos no chão faixas, pessoas com camisa das candidatas e bandeiras dividiam o local.

Quando a mocinha da lanchonete, que estava como fiscal do partido azul se dirigiu a sala de votação ficou emocionada ao encontra a sua candidata. Cumprimentos à parte, selfies, beijinhos e carinhos com o v de vitória. A moça lembrou a candidata de seu pedido, que de imediato foi respondido com a afirmação do polegar e falado em bom som.

- Mariazinha assim que eu me eleger, eu prometo um emprego pra você!

Sorriso no rosto e muita alegria celebravam aquele fim de tarde, tudo em paz, domingo em festa e naquela seresta, quem venceu foi o mar azul. A noite foi pouca pra se vestir de azul e a carreata zoar a cidade. Muita gente foi à praça, muitos parabéns, abraços, beijos e fogos.

Lá saltitante, em meio aquela massa de pessoas comemorando estava a moça da lanchonete como muitos, numa esperança de que tudo começava ali. Um reinado diferente, uma vida nova e muita especulação positiva no ar.

Fato é que a realidade veio à tona, passada euforia veio a via Crucis. E como no país “farinha pouca meu pirão primeiro”. A governadora não teve dúvida aumentou o seu salário, cargos e contratos para os mais afortunados e a moça da lanchonete, como a maioria continua a ver navios.

Numa das greves de caminhoneiros, de enfermeiros e professores ela estava lá e foi entrevistada dizendo:

- Ainda estou esperando senhora Governadora. Um ano se passou e não consigo emprego em lugar algum. Fui atrás da senhora e ninguém me recebeu adequadamente. Agora como todos aqui, eu lhe digo que a senhora vem outra vez pra governo. Espere por mim, foi o recado. Mas enquanto isso, mais uma vez o povo seguiu protestando a falta de políticas públicas naquele Estado.