O Primeiro Beijo

 

Só posso contar o que meu coração permite, ele sabe exatamente até onde devo contar.

Tudo não passava de um sonho infantil, de um jovem que nunca se apaixonara e nem conhecia as fraquezas que existiam no intimo das paixões.

Ainda estávamos em Julho de 1937, nossa cidade estava em festa, o que deixava as ruas sempre agitadas com crianças correndo, jovens em grupos alegres, e cores para todos os lados. Na casa do meu tio, sempre nesta época do ano nossa família estava unida, e o pessoal da fazenda aparecia as noites e ficávamos até tarde na calçada olhando o movimento, conversando, contando antigas historias, enquanto nós jovens conversávamos sobre namoros imaginários. Porém numa noite, estávamos eu e uns amigos da cidade e da fazenda, em nossa reunião, quando chega o Sr. Afonso, com sua esposa e filha, fiquei nervoso, meus amigos sorriram e fizeram gracinhas comigo, meu irmão mais velho chegou perto e maliciosamente falou para mim: Veja como sua noiva está bonita hoje. Até aquele momento só meus amigos sabiam do que tinha ocorrido há sete semanas na fazenda, e sempre aproveitavam qualquer situação para tirarem uma comigo.

Rafaela, que tinha a idade de Sofia, uma prima amável e alegre, gostava muito de mim, sempre estávamos conversando e trocando intimidades, como irmãos, ela logo procurou ficar perto de Sofia, procurando conversa com ela, logo, notamos que ela estava pretendendo facilitar um encontro um encontro de mim com Sofia, o que me deixou mais ainda nervoso, na verdade eu estava gelado e tremulo, não sabia o que fazer; tive vontade de fugir, mas meus amigos logo me fizeram entrar para a sala, onde logo em seguida entraram na sala as duas. Sofia estava radiante com um vestido longo, amarelo e detalhes em bordados de rosas. Sentamos, rapazes para um lado, e elas do outro, notei que Rafaela não tirava o olhar de mim, e as vezes notava um leve sorriso, até o momento eu não tinha notado que os rapazes saíram, e restava apenas eu no sofá grande, depois Rafaela pediu licença para beber água e nos deixou as sós.

Sofia olhou para mim e disse: Você pediu minha mão naquele dia em sua casa? Respondi apenas com um gesto de cabeça, pois não tinha mais voz, ela apenas sorriu, depois perguntou: E você ainda quer casar comigo? Novamente apenas concordei um leve gesto de cabeça, já nem tinha mais cor, ela deve ter notado meu nervosismo, pois seu sorriso quase se torna numa risada discreta. Mas, então eu pergunto, com uma voz fraca e estritamente tímida: E você, o que acha? Ela ficou calada e séria, por um breve momento pensei em sair correndo, mas quando pensei em levantar-me ela falou: Desculpe, mas eu não gosto de você. Ao dizer isto, fique em pé, e ela por educação repetiu o gesto, neste momento, dei uns três passos próximos a ela, queria olhar mais de perto aquele rosto jovem e delicado, entretanto, acredito que queria na verdade mostrá-lhe meus olhos cheios de lágrimas, estávamos bem próximos, quando eu pergunto: Poderia saber por que a senhorita não gosta de mim? Porem antes de obter uma resposta sinto um empurrão contra Sofia e um o toque de duas bocas.

Poderia descrever melhor este momento como sendo único em minha vida, mas apenas posso afirmar que foi o mais sublime. Estávamos nos beijando, a principio, é claro, foi um susto para ambos, e sem saber o que fazer com nossas bocas coladas uma na outra; apenas sentíamos nossos dentes se tocarem, mas ao sentir aquela realidade e um arrepio subir por minha espinha, deixei meus lábios acariciar os dela, ato correspondido. Assim foi nosso primeiro beijo. Na verdade, durou pouco, depois ela correu para fora, eu não tive mais coragem de sair, mas agradeci muito a minha prima pelo esbarrão que ela provocara, e ela ria sem parar, em seguida aquela festa dos meus amigos que espiaram de longe. Nas ultimas noites de festa apenas avistei-a de longe. E meu coração sempre a palpitar.