"Morena, Linda, Sensual, de Olhos Verdes" = Romance Capítulo 8

"Morena, Linda, Sensual, de Olhos Verdes" = Romance Capítulo 8

O coronel sabia como poucos agradar a uma mulher, e Eliane adorou a noite que tiveram. Resolveram subir a serra e dar um passeio por São Paulo, onde jantaram em uma restaurante finíssimo que lhes serviu uma comida maravilhosa e bebidas idem. Depois assistiram um show do Sargentelli com suas famosas e deslumbrantes mulatas, que Eliane jamais imaginara tão espetacular, e enfrentaram uma espessa neblina ao voltar a Santos pela Imigrantes. Às cinco da manhã paravam na porta da casa de Eliane.
- Entre, meu coronel. Entre que a casa é toda sua. Que noite maravilhosa! Há muito tempo que não me divertia tanto e comia e bebia tão bem…Uma noite como essa me faz pensar que não vale mesmo a pena viver só pra trabalhar, só pra correr atrás de dinheiro feito louca. Tenho que passar a trabalhar para viver mais e e melhor. Minha vida tem sido só trabalho, trabalho, trabalho há tanto tempo…
- É você quem quer isso, meu anjo lindo. Uma mulher atraente e charmoso como você se mata de trabalho porque quer. É só arranjar um homem que esteja bem de vida e mudar as coisas. Um coronel, por exemplo… Bem de vida e mal casado. Muito mal casado.
- Um coronel parece que eu já arranjei…mas será que é rico? Ou será apenas remediado, com um bom salário e muito bem casado?
- Na verdade, financeiramente muito bem de vida e muito, muito mal casado mesmo. Um casamento de fachada. De aparência apenas. Mantido apenas por causa das filhas, mas agora parece que não há jeito mesmo. Agora que as duas estão formadas e encaminhadas, acho que já posso e devo mudar de vida.
- E sua esposa? Está sabendo desses planos ou é coisa que você decidiu sozinho?
- Pode ter certeza de que ela quer tanto a separação quanto eu. Talvez até mais. Há anos que a gente apenas se tolera. Ou melhor, mal se tolera. O que está pegando agora em nossa separação é a divisão de bens. Não que sejam tantos bens assim, mas sabe como é, nestas horas de brigas nenhum dos dois quer ser generoso ou reconhecido com o outro.
- Até eu, que sou mais boba, não quereria me separar assim, fácil, fácil, de um coronel bonitão como você.
- Acontece que já não há mesmo mais nada entre nós dois. Nada. Nem sexo, nem amizade, nem simpatia, nada, nada mesmo. Eu sempre trabalhei muito, sempre fiquei muito tempo fora de casa, e hoje em dia ela me parece cada vez mais uma estranha. Uma estranha em nada parecida com a mocinha linda com quem me casei um dia, há vinte e sete anos atrás. Você conhece a piada do homem da minha idade que atendeu o telefone no escritório e era a esposa dele quem o chamava? Durante todo o telefonema o cara só dizia coisas do tipo: “fala, meu anjo”, “fala meu docinho de coco”, “fala, minha flor”, “tudo certo, minha lindura..”.
Quando acabou o telefonema o colega dele não agüentou e comentou: Pô, cara, você tá casado há trinta anos e ainda fala com todo esse carinho com sua esposa? Eu estou casado há cinco e já acabei com essas frescuras faz tempo.
- Que carinho que nada, cara…É que faz uns dez anos que eu esqueci o nome da desgraçada.
Eliane gostou da piada, da maneira como foi contada, e riu muito.
- Pois é assim que estou com minha mulher. Só não esqueci o nome da desgraçada porquê ela não deixa. Gostei da sua risada com a piada. Este é outro dos defeitos de minha quase ex: não tem o menor senso de humor. Muitas vezes chego em casa doido pra contar uma boa que ouvi no trabalho e tenho que esperar as meninas chegarem para que alguém ria, ou pelo menos preste atenção na piada.
- É..falta de senso de humor é um caso sério para nós que gostamos de rir e de fazer rir. Eu costumo ser uma palhaça com os meus amigos, em minha turminha de colegas de trabalho. Na semana passada nós fomos trabalhar em Fernandópolis e viajamos no carro de uma colega pra dividir as despesas de gaolina. Daqui até lá foi só risadaria o tempo todo. O colega que foi dirigindo era um comediante nato e eu também estava inspirada, você nem pode imaginar o quanto a gente riu daqui até lá. Agora, lá é que a gente riu mesmo, de verdade, quase que o tempo todo. Imagina que no hotel em que ficamos estava aquele artista português, o Roberto Leal com a equipe dele e aquele cantor de tangos, boleros, sei lá, bem velho já, o Gregório Barrios. O colega fazia a turma rir tanto que todas as noites a gente ajuntava aquele montão de mesas e as turmas de vendedores e artistas se misturavam para rirem juntas. Quando estava inspirado, o colega-palhaço fazia um traço a lápis de sobrancelha em cada lado da boca, metia bastante vaselina no cabelo puxado pra trás e, igualzinho a um boneco de ventríloquo, sentava-se em meu colo e eu punha uma das mãos nas costas dele e fingia movimentá-lo. As respostas que ele dava à turma eram sempre tão hilárias que a turma chegava a espirrar comida ou cerveja nas caras um dos outros de tanto que riam, tentando comer ao mesmo tempo. Você precisava vê-lo imitando o Bozó, aquele personagem do Chico Anysio. A gente ria de chorar. Aquele colega é um talento desperdiçado. Sabe que ele teve que maneirar as brincadeiras quando o Gregório Barrios estava por perto? Ele tinha medo de matar o velho de apoplexia, de tanto que o coitado ria e ficava roxo do pescoço pra cima. A última piada que ele contou perto do homem quase que o fez morrer engasgado. Foi aquela do cara que chegou furioso em casa e disse pra mulher: “Eu ainda mato o porteiro desse prédio. O filho da puta disse que já comeu todas as mulheres desse prédio menos uma”. A mulher olhou para ele com cara de pouco caso e respondeu: “Deve ser a metidinha do setenta e um.”
O coronel riu da piada, mas sentindo-se já no direito de sentir ciúmes, perguntou como quem não quer nada:
- E quando viajam assim, em turma, vocês ficam todos juntos ou cada um em um quarto.
- Claro que os homens ficam em seus quartos e nós, as mulheres, nos nossos. Tá pensando o quê, meu querido? Trabalho em uma editora importante, não numa zona boêmia. Se bem que nada impeça que quem quiser acabe se embolando em um quarto só. Eu não faço essas coisas porquê não misturo jamais trabalho com lazer. Ou vice-versa. Além do mais, na semana passada eu já estava com a cabeça ocupada por certo homem de linda cabeleira branca. Não sei se você conhece…
O coronel abraçou-a pela cintura e puxou-a para seu colo.
- Venha cá, delícia de mulher. Vem mostrar ao coronel a sua competência na intimidade.
- Espere, homem de Deus. Tenho que ver se meu filho está quarto dele ou se foi dormir na casa da tia. Sabe como é, na idade dele não se gosta muito de ficar sozinho em casa à noite.
Wilson estava deitado em seu quarto, lendo. Olhou para a mãe com curiosidade e esperou que ela se manifestasse.
Eliane aproximou-se do filho, deu-lhe um beijo e mandou que sumisse da casa o quanto antes.
- Se manda pela porta dos fundos, filhote. Vá para onde quiser, mas não volte pra cá até amanhã na hora do almoço. Vamos ter que mudar de planos se quisermos uma vingança completa e, principalmente, muito compensadora.
As últimas palavras foram acompanhadas de um gesto com o polegar e o indicador. Gesto que muito agradou ao filho financista. Sorrindo, o rapaz beijou a mãe na boca e saiu pelos fundos sem mais delongas.
- Vou pra casa da tia, mãe. Só apareço quando você me chamar.

- Pronto, meu coronel. Já confirmei que meu filhinho foi mesmo para a casa de minha irmã. Ele detesta ficar sozinho em casa. Podemos ficar totalmente à vontade agora.
- Fiquemos à vontade, então. Quem ficará primeiro à vontade? Você ou eu?
- Quem é que meu amor prefere?
- Claro que prefiro que seja você. Terei prazer em ajudá-la.
Eliane virou-se de costas e deixou o zíper do vestido por conta do coronel. Tirado o vestido e jogado a um canto, deixou que ele acabasse de despi-la.
Devagar, bem devagar, o coronel despiu-a inteiramente, admirando cada pedaço daquele corpo bronzeado, bonito, bem torneado e absolutamente tentador em sua juventude plena.
- Mamma mia, menina!! Você é o que se pode chamar de gostosa de verdade! Quantos anos mesmo que você disse que seu filho tem?
- Dezesseis, porquê? O que é que isso tem a ver?
- Puxa vida!! Se me perguntasse quantos anos acho que você tem, eu teria lhe dado no máximo uns vinte e cinco. Vinte e seis no máximo.
- Obrigada, meu galanteador. Sei que é só bondade sua.
- Bondade coisa nenhuma. Pode acreditar que você é todinha uma menina. Uma linda criança.
A essa altura o coronel já se livrara das roupas e sentara-se na beirada do sofá.
-Venha cá, minha coisa linda. Venha ver de perto quem está doidinho pra te conhecer intimamente.
- Puxa vida, coronel! Bonito, em forma e, ainda por cima, bem dotado! Nesta noite eu estou feita.
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 21/06/2007
Reeditado em 20/07/2007
Código do texto: T535202
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