"Morena, Linda, Sensual, de Olhos Verdes" = Romance Capítulo 9

Ajoelhando-se entre as pernas do coronel, Eliane começou a demonstrar-lhe que para ela não existiam limites nem mesmo nas preliminares. O prazer com ela tinha que ser intenso, imenso, bem curtido e bem vivido. Tivesse ele saúde e preparo físico para acompanhar seu ritmo, caso contrário não sabia o que perdia.
Do sofá passaram para o tapete, do tapete para a cama dela, e o coronel demonstrou que tinha mesmo saúde, disposição e preparo físico invejáveis. Não apenas para acompanhá-la, mas também para fazer-se acompanhar. Havia muito tempo que ele não levava para a cama alguém que agradasse tanto a seus sentidos. Aos olhos, ao olfato, ao tato e ao pênis. Sem contar a voz macia, agradável, ciciante na cama, expressando de forma agradável as sensações que o sexo lhe proporionava.
Na primeira noite de sexo o coronel soube-se, sem dúvida alguma, irremediavelmente apaixonado. Tinha plena certeza de que não saberia mais viver longe daquela mulher. Como ficar longe daqueles olhos verdes tão lindos e escuros? Daqueles cabelos negros macios e cheirosos? Daquela pele bronzeada e aveludada onde estrias, pelancas e celulite não existiam? Riu de repente pensando na cor de cera da esposa, nas pelancas, na maneira arrogante e antipática que ela tinha de olhar para ele, como se lhe cobrasse os devidos tributos às suas qualidades de fêmea?
- Está rindo de quê, meu coronel?
- Estava pensando em minha mulher, meu anjo. Depois que trepei contigo será duro encarar de novo aquela coisa em minha cama. Ri porquê pensei em chegar em casa amanhã, dar um cacete bem dado na megera, jogá-la na rua e colocar você lá dentro de casa. Pena que só possa pensar nisso, que não possa fazer…Tenho que cair fora, mas em boa paz. Resignando-me a pagar pensão e dividindo o que não consegui amoitar sem que ela percebesse.
- Já vi que você tem é muito a esconder, meu coronel. Vai ver é o maior ricão, daquele tipo que sabe esconder o leite bem escondidinho. Não que eu tenha alguma coisa a ver com isso, bem entendido.
- Olhe, minha morena, a verdade mesmo é que eu tenho algumas coisas pra esconder. Ex-mulher é um perigo na vida da gente, de qualquer um. Ainda mais quando a gente faz uns rolos bons pra sobreviver. Mas, modéstia à parte, eu sempre soube fazer as coisas bem feitas, bem na moita mesmo. O que eu possuo, extra-oficialmente, está em nome de terceiros. De gente de minha absoluta confiança. O que está em meu nome minha mulher já sabe, e já está de olho em mais da metade. Vai levar a metade do bens oficiais a pensão ainda por cima…
Neste ponto o coronel parou de falar e, com os olhos arregalados e uma expressão facial de ódio intenso, acabou se abrindo mais do que queria, mais do que seria conveniente:
- Se não eu acabo matando aquela vaca maldita !!
Eliane não disse nada. Apenas abraçou-o carinhosamente e encheu-o de beijos pelo corpo. Sua experiência com os homens já lhe ensinara que em certos momentos calar vale ouro. Muito ouro.
Eliane sorriu intimamente. Jurou a si mesma que o coronel sairia daquela cama levando uma tonelada de saudades da mulher mais simpática, bonita, agradável, compreensiva, afetuosa, carinhosa, companheira, amiga e mais desinteressada que ele jamais conhecera em sua vida. Em toda sua vida.
Para desanuviar o ambiente, Eliane contou ao amante a piada do homem que tinha a cabeleira branquinha como a dele e que estava em um campo de futebol em dia de jogo importante. De repente um louco se levantou no meio da arquibancada e começou a gritar: “Io me cago em la cabeza de todos los presentes, menos na daquele senõr de cabelos blancos” . Repetiu isso tantas vezes que acabou sendo detido pela guarda do campo e levado à delegacia. Por todo o caminho repetia a mesma frase: “Io me cago em la cabeza de todos los presentes, menos na cabeza daquele senõr de cabelos blancos”. Na delegacia quiseram saber porquê o “senõr de cabelos blancos” seria poupado da cagada e ele explicou: “Aquele senõr de cabelos biancos io reservo para limpiar-me.”
Beluzzi recobrou o bom-humor e contra atacou com a história da moça tão linda quanto ela, de belíssimos olhos verdes, com os cabelos descendo em cascata pelos ombros e que, no entanto, estava encalhada em uma das mesas enquanto o baile fervia em torno dela. Um recém-chegado à cidade olhou-a e não se conformou. Correu pra tirá-la para dançar com ele.
- Eu gostaria muito, moço, mas acontece que sofri um acidente e não tenho as pernas do joelho pra baixo.
- Isso não tem a menor importância, moça. Posso pegá-la pela cintura e, se você quiser, a gente dança a noite toda.
Dançaram a noite toda, beijaram-se, excitaram-se, e ele não via a hora de levar a beldade incompleta para bem longe do baile. Para um lugarzinho sossegado.
Quando chegaram perto da casa dela ele avistou um galho grande que sobressaía de uma velha árvore. Não teve dúvidas. Parou o carro, tirou a moça lá de dentro e pediu a ela que se segurasse no galho. Ela o fez de imediato e ele mandou ver. Trepou diversas com ela. Depois pegou-a carinhosamente no colo e a levou até a porta de sua casa.
A mãe da moça abriu a porta e ficou extasiada com a “finesse” do forasteiro:
- Puxa vida!! O senhor é um cavalheiro. O senhor é gente de classe. Um homem elegante ao extremo. O senhor é…
- Que isso, minha senhora? Acho que cumpri apenas minha obrigação de homem e..
- Que nada, moço. O senhor é fino mesmo. O pessoal daqui tá acostumado a comer a pobrezinha e depois deixar pendurada no galho a noite toda.
Eliane, que dizia não gostar de humor negro, riu demais da piada maldosa. O coronel também tinha todas as qualidades de um bom contador de piadas. Mesmo assim Romero lhe ganhava de longe.

Acordaram quase que ao mesmo tempo, às onze da manhã seguinte. Sorriram um para o outro e atracaram-se novamente sem nem mesmo escovar os dentes ou dar a urinada matinal.
- Tem que ser uma rapidinha, menina. Senão a bexiga do velho aqui estoura.
- Você não é velho e eu também estou com a bexiga lotada. Vamos logo senão essa cama vai ficar ensopada de dois xixis ao mesmo tempo. Vamos tomar um banho e logo vou cuidar de nosso almoço. Claro que ficaremos juntos até de tarde; não é?
- Claro que sim, meu anjo de olhos verdes. Hoje é sábado. Posso ficar até você me mandar embora.
- Então você não vai embora nunca mais?
- Vou, mas a contragosto. Preciso continuar minha comédia caseira por mais algum tempo. Depois que conseguir resolver tudo, nós dois conversaremos sobre nosso futuro. A menos que você não queira, depois de me conhecer melhor.
Elaine sorriu abertamente, lindamente, e abraçou-o com força.
- Acho que quem não vai querer pensar em mim no seu futuro será você, depois e me conhecer melhor. Vou avisando desde já que não sou flor que se cheire. Sou uma bandida, depravada e devoradora de homens recém separados.
- Por mim, estará ótimo. Faço questão de ser uma de suas vítimas.
- Então vamos tomar um banho. Faço questão de que minhas vítimas sejam muito limpinhas.
Depois de um demorado banho Eliane foi para a cozinha preparar o almoço. Seria rápido fazê-lo, já que deixara quase tudo preparado na véspera.
Beluzzi fizera questão que ela vestisse apenas um pequeno avental enquanto se mexia pela cozinha. Abraçava-a, apertava-a, alisava-lhe todo o corpo e volta e meia tentava levá-la de volta à cama. Então lembrou-se de uma piada antiga, talvez de Juca Chaves: Sabe, meu anjo, que se Deus tivesse ouvido os homens as mulheres seriam bem diferentes?
- Diferentes como?
- Com os seios nas costas e as nádegas na frente?
- Qual seria a vantagem disso?
- Pro resto eu não sei, mas pra dançar seria uma maravilha.
Eliane riu, deu uma reboladinha fingindo impaciência e perguntou:
- Bobão…Você quer ou não comer logo?
- Quero. É por isso que estou de puxando pra cama…
- Estou falando de outra comida. A que vai pro bucho.
- Acho que prefiro aquela em que estou pensando.
= Continua amanhã.
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 22/06/2007
Reeditado em 20/07/2007
Código do texto: T536237
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