Estranho no ninho

Com suas filhas no terreno, o senhor Albertinho se divertia, contando histórias e variando nas brincadeiras em família, até que as meninas, já moças resolveram partir, voltando pra cidade. Ele como não podia impedir fez a sua solicitação, que como de praxe não fora aceita, então ele as abençoou e as viu sumirem na poeira em direção a cidade.

Depois de uma noite estrelada e fria Albertinho viu a lua despontar calada, com toda beleza formal detrás da serra, tão linda como nunca, que ele resolveu caminhar no ramal em direção ao lago, para na medida em que se aproximava, uma visão mais exuberante se mostrava e inebriado por essa beleza chegou a um ramal, que acessava a um imenso pinhal.

Pé ante pé, cercado de receio, seguiu apreciando a natureza, qual se apresentava a cada hora mais fantástica e fascinado pelo canto dos pássaros, pela orquestra do fim de tarde e pela harmonia da terra com o leito do rio, que cortava as entranhas da mata, não se deu conta do que estava pela sua frente.

Mais adiante um carro branco parado, uma mulher aparentemente gente, um homem alto vestido de branco e preto com chifres e um ar desconfiado entrava na mata, enquanto o outro ser menor, de aparência alegórica a uma vaca, meio que em dívida consigo entrava as pressas dentro do carro.Era uma manifestação no mínimo urbanística, pensava aquele senhor.

Imbuído desse pensamento, olhou para o chão viu vasos, que pela força do momento, já nem lembrava que estavam lá a mais de mês e não teve dúvida estavam fazendo macumba em suas terras.

Dali mesmo, a visão paradisíaca do céu, virou um inferno para aquele senhor, que sob efeito do medo, emprestou a “ perna da cutia” saiu embrenhando-se na mata densa. Chegando em sua humilde casa fustigado, ferido e pior confuso, pois um dos macumbeiros parecia alguém que ele conhecerá.

Pelo outro lado, o rapaz, a moça e o outro fantasiado saíram mais do que depressa das terras do senhor Albertinho dividindo o mesmo várias angustias; quais iam do medo daquele senhor ir chamar os seus capatazes ou pegar uma espingarda e um medo mais específico, que vinha do outro fantasiado, que no carro de volta as pressas falou de sua aflição a mulher que os acompanhava.

- Puxa Marta, aquele velhinho, que vocês viram era o meu pai. Será que ele me reconheceu?... Ele me olhou muito estranho.

Marta e Álvaro, o nome do rapaz que estava fantasiado, tentaram na verdade dissuadi-la do pensamento, replicando que como tudo acontecerá era difícil do velhinho identificar quem era atrás das fantasias.

No entanto, no caminho entre as folhas das árvores, o desespero do medo e o a intriga da figura ali, associada a intuição de pai começava a ficar claro, que aquela figura lhe era mais do que pessoalmente familiar.

Tanto que no café da manhã, já na cidade, quando as meninas levantaram pra tomar o seu café, o velho, sem dizer muita coisa deixou no ar a seguinte frase:

- Bom dia filhas. Dormiram bem?

- Ambas, sem dizer nada, apenas balançaram a cabeça.

E ele sentenciou : - É filhas, a estrada também, tem os seus mistérios.

E saindo pegou o seu carro e seguiu pensativo ao trabalho. Enquanto as meninas sobressaltadas pelo bom dia foram-se as suas atividades no acorde da tensão, que a dúvida deixa em qualquer um, quando a máscara da verdadeira identidade é ameaçada.

Assim a sua filha, que estava na situação disse a sua irmã:

- Puxa mana, as pessoas que o papai viu não era macumbeiros. Era eu e o Álvaro tirando fotos naquelas indumentárias dos "Mangas" Japoneses.