No tempo das cavernas

Foi assim, não é de hoje que o homem é o lobo de si. Pois há muito tempo, logo que o homem se deu conta do fogo começou a manipulá-lo em prol de sua necessidade, mas com o passar dos anos essa visão sofreu uma anomalia.

A comunicação era feita de forma precária, mas todos aos berros ou gritos se faziam entender. E na primeira das aldeias, Neande tornou-se o chefe por ser o mais forte e o mais velho. Humo sempre contrariava essa posição, porém não se sentia ainda a vontade de questionar aquela autoridade no jeito deles. Assim Neande reunido com as fêmeas, Eva, Marynean, Catydean e os machos Humo, Edean e Palicy faziam a única aldeia da era primitiva.

E reunidos uma noite, quando se pensava que os relâmpagos atiravam contra a terra a faísca ascendeu sobre um imenso galho de árvore, que de imediato provocou a curiosidade daqueles homens e mulheres feras. Ao redor do fogo, que se formou, mais quem tentava se aproximar e dominar aquela labareda que a todos queimava sem escolher um domador.

Até que Humo, na sua predestinação e sua curiosidade aguçada pegou um pedaço de estaca e pôs as mãos o fogo, em sua ótica e compreensão, dominado. Sem entender bem por que, mas os outros, com exceção do Neande, se ajoelharam adorando Humo, como se ele tivesse nas mãos um poder. E ele em seu instinto, conhecendo e se oportunizando do momento não teve dúvida e ateou o fogo em direção ao Neande, que embora fosse o mais forte, o mais velho e o destemido, naquele momento viu o seu reinado ser substituído pelo jovem Humo.

Nos dias que se seguiram Humo passou a ser seguido por Edean, Palicy, Marynean e Catydean. Já Neande, embora perdesse o poder, partiu com Eva em outra direção e as aldeias se multiplicaram.

Com o fogo nas mãos, passando de estaca para estaca o jovem Humo se dirigiu a uma caverna com valas de óleo, onde ele numa delas ateou fogo e daquele dia em diante deu o nome a caverna sagrada. De lá todos tiravam o fogo que precisavam para iluminar suas aldeias, a fim de protegê-las das feras da noite ou para assar seus alimentos.

Com jeito Palicy forjou a roda para transportar as estacas e assim foram cercando as aldeias, foram plantando e criando os seus domínios. Por sua vez Edean, sentindo a curiosidade e a força da juventude soprar-lhe o corpo questionou a autoridade de Humo, que não deu vez ao garoto.

O tempo passava e Edean se juntou ao Palicy, que juntos dobraram Humo expulsando-o da aldeia para em definitivo terem em suas mãos o poder, que já dominavam outras aldeias pela luz do fogo. E Palicy, que era mais velho do que Edean e dominava a invenção das rodas, tomou as esposas de Humo, ficando com Marynean e dando Catydean ao jovem Edean, que agora era o líder.

O tempo foi passando aldeias se formando sendo subordinada a aldeia alfa do líder Edean, que não esperava ser surpreendido pelo ex- líder Neande e sua esposa Eva, que o tiraram do poder e controlarem tudo de novo.

No outro lado do rio, que separava as aldeias, pouco a pouco, a aldeia alfa assistiu ao surgimento de um novo império, mas o medo de atravessar o rio os impediam de combater.

Lá do outro lado o fogo também surgiu, havia uma caverna sagrada com valas de óleo, que conservava o fogo. Havia rodas, cercas e muitas armas. Aos poucos a agricultura aflorava e aqueles primitivos não mais saiam do seu lugar e isso tudo preocupava Neande.

A curiosidade foi tanta que logo tentaram se aproximar, mas foram rechaçados com hostilidade e perceberam então, que a única saída seria a guerra. E Neande chamou Palicy para inventar algo que atravessasse o rio, mas foi do outro lado, que o primeiro barco rústico venceu o rio e atacou a aldeia alfa derramando sangue e causando muita dor e desgraça, sob o olhar espantado de Eva, que morria pela flecha certeira do líder dos Betas, agora conhecido dos Alfas, o Rei Humo, que fora expulso pela traição de Palicy e Edean. E que mais uma vez fazia Neande se curvar.

Alfa conquistada e recomeçou o processo de reanexação, com a decapitação dos ex-líderes da primeira aldeia. Humo agora, em escala mandava fazer e acontecer. A ele só interessava o poder e como rei todos das várias aldeias deviam tributos, dos quais faziam noites e dias de festas, bebidas, sacrifícios e orgias, como segue até os nossos dias.