A pergunta indiscreta

Certa vez, em uma confraternização da empresa, um colega me pergunta se eu sou gay, fiquei surpreso, quase sem reação e logo em seguida respondi que sou assexuado. As poucas pessoas em volta me olharam com cara de espanto, talvez esperando por outro tipo de resposta. Embora esse colega estivesse chapado, eu achei que a

pergunta foi bastante invasiva, me senti incomodado e acabei mentindo na resposta de uma certa maneira.

Algum tempo depois, me perguntei o porquê do incômodo e o que me motivou a mentir daquela forma. Medo é a primeira coisa que vem a cabeça, mas não, não foi por medo. Senão não teria respondido do jeito que respondi. E então por que a resposta não foi a verdade?!

Foi por negação mesmo, não queria admitir para aquele cara quem eu sou, estava pensando muita besteira na hora - será que me acham estereotipado? - e mais um monte de outras merdas. Então decidi dar a resposta inesperada que nem eu mesmo esperaria dar. E dessa resposta surgiram mais desconfianças. Eu estava satisfeito por deixar

dúvidas no ar e insatisfeito por ter gerado ainda mais curiosidade dos outros colegas que testemunharam esse momento, mesmo nenhum deles manifestando-a.

Hoje eu ainda me pergunto se faria diferente, creio que sim e talvez isso teria me encaminhado para uma vida mais transparente e destemida.

Enfim, não saberei...

... por ora...