"A ARMADILHA" Conto de: Flávio Cavalcante

A ARMADILHA

Conto de:

Flávio Cavalcante

O circo estava armado. Daniela desavisada foi designada ao mercado para substituir seus colegas que haviam sido expulsos do estabelecimento por motivo de encontrarem datas fora da validade. Uma situação caótica que acontece com frequência, nas lojas de supermercados. A corda tem que arrebentar para o lado mais fraco. Como cada produto tem o seu representante que não é um funcionário do próprio mercado, os gerentes e encarregados põem o problema deles na conta do terceirizado. Só que eles esquecem que quando o cliente aciona a polícia, quem vai indiciado e preso é o próprio gerente respondendo por crime.

No caso de Daniela, a loja era conhecida pelos promotores de venda por ser uma loja problemática porque ninguém conseguia aturar o seu Roberto encarregado de sessão. Ele era considerado um Ritller segundo a maioria dos promotores e seus próprios funcionários.

A loja era um híper-mercado situado num lugar nobre da cidade do Rio de Janeiro, precisamente na Barra da Tijuca. Nenhum promotor de vendas gostava de prestar serviço no ambiente por causa deste encarregado pernóstico e arrogante chamado seu Roberto. Este cidadão aterrorizava até seus funcionários e por causa dessa repressão, o ambiente que deveria ser um lugar produtivo para a empresa acabava sendo um cárcere de tormento e aborrecimento. O mau humor era o seu normal e ele fazia questão de passar sua ruindade para todos.

Primeiro dia na loja. Daniela era funcionária de uma empresa de congelados. A primeira coisa que ela fazia assim que pegava uma loja nova era exatamente ver as datas de validade de todos os produtos. Ela era muito cuidadosa nesse sentido. Daniela sabia que a loja era difícil por causa do seu Roberto que já carregava a fama em todos os mercados de perecíveis do Rio de Janeiro, só não sabia que ela estava metida em uma armadilha dentro da loja e fatalmente ela seria a próxima vítima.

Como de costume a moça começou a verificar todas as datas de validade dos produtos de sua empresa o que era parte de seu trabalho. Afinal ela era paga para este fim também. A empresa que Daniela representava, trabalha com vários produtos congelados e também embutidos resfriados, inclusive margarinas. Era exatamente nesse setor que estava a bomba relógio na vida da promotora de vendas. A margarina nessa empresa é um produto foco e vende por si só. Aliás era uma bomba relógio que estava nas mãos de seu

Roberto e como ele queria passar a batata quente se não, estaria ele arriscando seu emprego. Descuidadamente havia escondido mais quinhentos potes da margarina fora da validade e a armadilha estava exatamente ali muito bem armada para ele passar a bomba pra Daniela.

Sujeito sem nenhum escrúpulo e caráter. Tipo de gente que para se safar de um erro cometido por ele mesmo pisa em qualquer um que entrar em seu caminho, como foi o caso de Daniela. Estava no lugar errado e na hora errada. Coisas do destino.

Daniela passou todas as datas que estavam para vencer para o crápula e ele deixou bem claro para ela que se pegasse algum produto fora da validade ia expulsá-la da loja como havia feito com os outros. A promotora sabia que havia feito todo trabalho de verificação; o que ela não sabia era que ele havia escondido quinhentos potes da margarina e a qualquer momento ia pôr na conta dela.

Passou-se uma semana e Daniela aparentemente estava indo bem na loja. Já havia feito amizades com alguns colegas promotores de outras empresas e funcionários. Um dia de manhã, Daniela chegou á loja para começar o seu dia de trabalho e ficou surpresa com a presença de toda a chefia de sua empresa que a aguardava no interior da loja. Daniela foi desligada da empresa por causa de uma armadilha que puseram para ela. O inescrupuloso chefe da sessão o senhor Roberto armou a arapuca para livrar a sua pele, jogando toda a responsabilidade na conta da moça inocente que não sabia nada do que estava acontecendo.

Lamentavelmente convivemos com este tipo de gente no nosso dia a dia. Qualquer ambiente onde frequentamos, se quisermos viver bem e principalmente ter paz e afastar esse tipo de mal é ter como objetivo principal um olho no padre e o outro na missa.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 15/10/2015
Código do texto: T5415717
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