O Mototaxista

Na parada horas a fio a senhora esperava a condução para o seu bairro, já passava das vinte e três e ela cansada de mais um dia de trabalho, sem titubear gesticulou com a mão para um mototaxista, que enviesando uma curva em frente a um carro, sem ao menos sinalizar parou de frente com aquela senhora.

Perguntou-lhe:

- Moço quanto o senhor me leva nas águas lindas?

De pronto ele respondeu:

- Quinze reais.

Aquela senhora pensou, como a sintetizar uma analise de preços de taxi, de espera de ônibus, com o cansaço do dia a dia. Sem responder sim ou não subiu na garupa da moto, pôs o capacete sem viseira e seguiu agarrada ao homem na linha do asfalto, que fazia par com a escuridão dos postes. Entre vários carros, avançando semáforos e preferenciais eles seguiam ao destino que a senhora evidenciou ao moço numa velocidade não permitida. Passavam ônibus, veículos particulares, prédios, faixas de pedestres e placas. Praças e quartéis, quando inesperadamente, um outro veículo, abusando da mesma imprudência avançou e freou sem bater os dois; que pelo susto, o desequilíbrio foi fatal para assinalar a queda espetacular.

O mototaxista rolou no asfalto embrutecido, rasgando todo o tecido da camisa a quebrar o tornozelo e o braço esquerdo. Enquanto aquela senhora, pela velocidade foi jogada contra um muro, onde batera com as costas e a cabeça, quebrando duas costelas a perfurar um dos pulmões e escoriando boa parte do corpo.

Logo que o socorro chegou, em meio às varias vozes dos curiosos, que enchiam o local, pareciam parentes a chegar sob agonia de gritos de desesperos contidos pelos paramédicos, que ali se encontravam.

Finalizavam os médicos:

- Calma pessoal, Estamos indo para o pronto Socorro, mas de antemão vale dizer que a senhora e o Mototaxista vão sobreviver. Apenas vão passar por cirurgias.

Já uma das pessoas falava a TV:

- Eu vi, o carro não bateu, mas avançou um pouco e o mototaxista vinha cortando os carros em alta velocidade.