Preto, o Violento.

O Preto foi o jogador mais violento que pude enfrentar. Preto era uma alcunha, já que era branco. Branco e meio gordinho, mas de uma violência nas quadras e campinhos de terra batida que fugia às regras da normalidade. Não entrava para jogar futebol, nem sabia direito, entrava para dar pontapés e socos. Quando o Preto surgia no time adversário, me recordo bem, alguns dos times adversários, pediam para ir ao banheiro e não voltavam. O banheiro, no caso, era a moitinha ao lado das goiabeiras. Lembro-me uma vez que Preto espancou o time adversário inteiro, dando voadoras e bofetões aos borbotões. Era doido mesmo. Seu calção sempre deixava o rego à mostra. Suarento e violento, costumava entrar em campo com tijolos ou canivetes entre a roupa. Também costumava jogar bêbado. Um dia, em Buritizal, entortou o caneco de cachaça e entrou em campo com um pedaço de vidro socado no calção. Foi seu azar. Diante tantas pancadas, canelas roxas, joelhos torcidos, braços e costelas quebradas, narizes sangrando, olhares de sangue, numa jogada infausta, daquelas a qual não esperava, se esquecera do caco de vidro e, num lance comum de esbarrão, perdeu seu órgão genital, que caiu ao chão, sob seu olhar esbugalhado e o susto de todos. Depois disso, pelo que fiquei sabendo, Preto nunca mais jogou futebol.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 12/11/2015
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