ZÉ MANÉ

Era uma figura aquele homem, de pouca estatura, branco, com um rosto redondo e avermelhado que combinava com seu corpanzil, porque ele era muito gordo e andava balançando como se fosse cair a qualquer momento; seu nariz era grande e bulboso e seus olhos de um azul aguado, quase desapareciam sob suas sobrancelhas ruivas e de pelos grossos e arrepiados, era mesmo feio.

Seu nome era José Manuel Carvalhais, mas todos o chamavam de Zé Mané e sua familia era bem situada na vida, seus pais eram proprietários de uma olaria, onde fabricavam tijolos e telhas de excelente qualidade e como era a única em toda a região, ganhavam bastante dinheiro e para a pouca renda da pequena cidade de Santo Onofre da Serra, eles eram considerados ricos.

Os quatro irmãos de Zé Mané, eram rapazes fortes e bonitos e em pouco tempo se casaram com as moças mais bonitas da cidade e o Zé Mané que era o mais velho dos cinco ficou para trás, nem o dinheiro da familia o ajudava, porque era deselegante e feio e as moças não queriam nada com ele; o tempo passava e a situação não mudava e o coitado continuava solitário e triste.

Sua familia tentava ajudar falando de suas qualidades, porque escondida naquele corpo sem jeito, existia uma pessoa bondosa com tudo para fazer uma mulher feliz, mas as moças mudavam de assunto e tudo ficava como estava e o Zé Mané sobrando; cansado e triste, ele resolveu sair da cidade e se mudou para bem longe fugindo de seus problemas.

Cinco anos se passaram e Zé Mané voltou a Santo Onofre da Serra, mas quando desembarcou do carro em frente a casa da familia, ninguém o reconheceu, estava completamente diferente, porque estava magro e musculoso, suas sobrancelhas estavam normais e seus olhos azuis brilhavam, seu nariz tinha um tamanho normal e sua altura era a mesma, mas andava com elegância.

Seus parentes se alegraram com sua boa aparência e ele contou que fez regime, malhou em uma academia e seu nariz foi refeito por um ótimo cirurgião, ai a situação mudou, porque as moças solteiras da cidade se interessaram por ele, mas depois de um mês na cidade, ele se vingou de todas as humilhações do passado.

Uma tarde chegou à cidade uma moça linda, que era a noiva do rejeitado Zé Mané e ele disse: meu casamento será aqui e vou convidar todas as moças que me recusaram, porque agora não preciso mais delas e assim foi, o casamento foi celebrado e uma grande festa se seguiu e Zé Mané partiu com sua esposa e nunca mais voltou à cidade onde tanto sofreu.

Maria Aparecida Felicori {Vó Fia}

Nepomuceno Minas Gerais Brasil