O RECONHECIMENTO

Em pleno Arcadismo brasileiro no século XVIII, e corrida pelo ouro no Brasil colônia, estava inserido o descendente de escravos, Manuel da Silva d'Ambrósio. Era simpatizante das causas inconfidentes e não concordava com os abusos e explorações cometidos pela Colônia.

Adquirira o sobrenome "Ambrósio", porque as raízes familiares eram oriundas do quilombo que levava o mesmo nome: Quilombo de Ambrósio. Arcádia, termo que dá origem ao Arcadismo, é uma região mitológica da Grécia, onde os pastores chefiados pelo deus Pan, dedicavam-se ao pastoreio e à poesia...

Dentre os escritores/poetas do Arcadismo, muitos estavam ligados à Inconfidência Mineira, e adotavam nomes de musas inspiradoras reais ou fictícias, além de pseudônimos árcades, deuses pagãos, existindo alguns que se destacaram por não seguirem essa concepção. É o caso de frei José da Santa Rita Durão, que não tinha pseudônimo árcade nem musa, introduzindo às obras dele, o cristianismo ( milagres ), e José Basílio da Gama, que no lugar do paganismo, adotou bruxaria indígena...

Manuel da Silva d'Ambrósio era casado com a negra Iori, cujo significado é "vitalidade da luz", mas adota-a como musa real, pondo o nome de Zarina, ou seja, " mulher de ouro ", fazendo alusão às causas sociais, do negro, e do ciclo do ouro. No lugar de pseudônimo árcade, Manuel d'Ambrósio, intitula-se: Ojori ( um guerreiro ou um homem de guerra ), além de introduzir nas obras de autor, os orixás...

D'Ambrósio foi inovador nesse movimento pelo qual passou o Brasil, mesmo de maneira efêmera, pois assim como Alvarenga Peixoto, fora mandado para Ambaça na África, de onde não voltou mais. Porém, o maior legado, além de lutar pelas causas da Inconfidência e da raça negra, foi introduzir aos trabalhos literários, símbolos e nomes da africanidade. Manuel da Silva d'Ambrósio, ou simplesmente, Ojori, é considerado o primeiro autor negro, árcade e inconfidente do Brasil.