Estrelas e Chuva !

Ela estava sentada na beira do lago com as mãos próximas dos pés. Os cabelos cumpridos, castanho e ondulados, balançavam com a brisa que a encontrava de frente. Estava com um vestido fresco (pois estava calor) de seda azul claro, quase que se camuflando com a água cristalina e meio azulada que se movimentava de acordo com a brisa.

A grama em que estava sentada era tão verde e macia que ela mesma trocaria sua cama em quatro paredes por aquela relva. E então, sentindo o cheiro das plantas e deitada naquela imensidão verde, observaria as estrelas ao invés de um teto branco.

Porém lhe veio uma pergunta à mente: E se chovesse? Ora essa, se refugiaria nas árvores existentes e se sentisse fome se deliciaria com as frutas.

E foi imaginando tudo que se lembrou "Estou sozinha... Não há sentido em viver tudo isso sozinha". Então, deitou-se na relva com os braços abertos, fechou os olhos e desejou que ele chegasse logo. E que a perdoasse.

***************************************

Ele esta próximo de um monte onde a relva era mais alta... Em pé. A observando de longe... Prestava atenção em cada detalhe, cada movimento dela. Seu vestido azul claro, seus cabelos vibrantes. Tentou adivinhar o aroma, se era suave, forte, entorpecente... Impossível prever, ele estava distante dela... Mas sabia que seus ondulados cabelos disputava com as árvores o aroma do ar.

Queria chegar perto, mas não podia. Havia dois dias não se falavam. O motivo? Bem, ela era sonhadora de mais, e ele era objetivo ao extremo.

Porém, olhando-a reluzente ás luzes do sol que batiam na face do lago e refletia em seu vestido, sentia saudade... Sentia falta de sua voz...

Queria escutá-la dizer loucuras e sonhos, como por exemplo, morar ali próximo ao lago e dormir na grama... Era absurdo é claro, e se chovesse?

E foi pensando nesse desejo dela que caiu em si :"Se for com ela, posso viver até no deserto". Esqueceu-se das discussões que de repente se tornaram sem sentido e resolveu da-se por vencido, precisava das loucuras dela pra viver.

Desceu do monte e olhou em direção a ela. Sentiu a mesma brisa que a tocava tocar-lhe a face. E seus cabelos negros balançaram. Resolveu tirar os sapatos... E pode sentir a grama tão macia quanto sua cama. Andou devagar, sentido cada vibração do chão.

Olhou novamente para onde ela estava, e viu que estava com o olhar distante... "Deve estar fazendo planos para ir às estrelas para quando anoitecer... E eu irei com ela". Suspirou!

Viu quando ela deitou na relva de braços abertos. Então venceu a distância que os separavam e se aproximou. Ela estava com os olhos fechados e quando se abriram, que loucura. Olhos de mel tão profundos e brilhantes fitando-o.

Ela agora sentada e espantada continuou olhando nos olhos dele.

"Posso me sentar?” - indagou ele. Ela confirmou com a cabeça.

Sentou-se então ao seu lado e ambos puseram-se a observar o lago, tão calmo e brilhante. Não sabiam o que falar, apenas queriam aproveitar o momento.

Ele então se vira para ela e diz docemente: "Tem planos para essa noite?”. Ela, como sempre respondeu no seu tom calmo e sonhador, no tom dos poetas. "Vou ficar aqui e ver as estrelas". Ele então sorri "Que pena, pensei que poderíamos ir até à lua".

Neste momento ambos perceberam que não havia mais discórdia, e estavam perdoados. Levemente a brisa bate em suas faces e ela fecha os olhos. Ele então pousa seus lábios suavemente nos lábios dela. Ela os recebe se afasta e então diz: "Podemos ir à lua sim, mas só se antes pararmos nas estrelas"."Claro, trarei uma pra você, e visitaremos cada constelação que quisermos"

Ambos riram, e deitaram na tão macia grama, de braços abertos. De repente pingos mornos d'água começam a atingí-los na face...um, dois , 3 , centenas, milhares .... Mas nada mais importa, pois a chuva já era esperada... E depois de algumas horas... As estrelas.

Juliana Letícia
Enviado por Juliana Letícia em 02/07/2007
Reeditado em 06/08/2008
Código do texto: T549362
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.