O Sequestro

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No final da tarde, Vitória estava lendo um livro enquanto esperava sua filha chegar para irem patinar no rinque do shopping.

O celular de Vitória tocou. O número era desconhecido.

– Alô! – Ao atender, já apertou o botão de gravar a ligação.

– Alô! Estou com a sua filha. – Falou um homem com voz fria.

– Quem está falando? O que você quer com Cláudia? – Vitória respondeu com a voz aparentemente nervosa.

Depois de saber que a mulher que atendeu tinha uma filha, o sequestrador pensou que tinha conseguido mais uma vítima.

¬– O meu nome não importa. Sua filha, Cláudia, está bem. Só não ficará se você não fizer o que eu mandar.

– O que você quer? Por favor, não a machuque! – Falou Vitória.

– A menina será liberada depois que você fizer um depósito para mim.

– Isso não poderia ter acontecido. Eu já disse para ela não sair da escola quando tiver aulas vagas.

– É o que acontece com meninas desobedientes. Sequestrei sua filha em uma rua ao lado escola. – Disse, com tom agressivo.

– Calma! Eu faço o depósito. Quanto você quer? – A voz denotava nervosismo controlado.

– Eu quero que você deposite 5 mil reais em minha conta! – A voz parecia satisfeita.

– Se você puder me passar o número da conta, agradecerei. Não tenho bola de cristal para adivinhar. – Não resistiu, teve que dizer isso.

– Como é? Você quer me fazer de idiota? – Perguntou, com tom de raiva.

– Não é preciso. – Tentou desculpar-se.

– Acho que você está esquecida de quem está aqui comigo. – Ameaçou.

– É claro que não. Pode dizer o número da conta.

Depois de passado o número da conta...

– Anotei o número, vou fazer o depósito agora mesmo.

– Vá o mais rápido possível! Quando o depósito for feito, soltarei sua filha.

Vitória se cansou de ficar ao telefone...

– Deixe eu te dizer uma coisa...

– O que é? Fale logo! Não tenho tempo a perder.

– Tem sim!

– Você está querendo me fazer de idiota?

– Eu não. Você está se passando por idiota sozinho.

– Está lembrada de que sua filha está comigo?

– Para falar a verdade, nem tenho filha. Quando você tentou me dar esse golpe rotineiro, inventei um nome e você acreditou. Palhaço!

Depois de algumas palavras ofensivas, o falso sequestrador desligou a chamada.

Antes de atender à ligação, lembrou-se de um relato de sua amiga sobre uma ligação de um falso sequestro e ao ver a chamada sem identificação, pensou rápido. Nesses casos, é comum dizerem que raptaram os filhos na saída da escola. E em casos reais, os sequestradores não demoram na linha, para a origem da ligação não ser identificada.

Vique fora à casa de uma colega da escola fazer uma atividade de Literatura em dupla e, ao entrar em casa, encontrou Vitória morrendo de rir com o celular na mão.

– Qual é a piada? Quero rir também.

– Pegue seus patins. No caminho do shopping, conto tudo. – Falou ainda rindo.

Evaí Oliveira
Enviado por Evaí Oliveira em 02/01/2016
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