HISTÓRIAS DE AUDITORIA – FINAL IMPREVISTO

HISTÓRIAS DE AUDITORIA – FINAL IMPREVISTO

Tinhosa e já saturada de tantas desculpas repetidas que não justificavam as infrações percebidas ou denunciadas, segue a Auditora Fiscal para investigar uma denúncia de uma Empresa.

Bem instalada, no centro da cidade, em casa ampla com andar superior, ela foi recebida pelo proprietário da empresa e sua esposa.

Observou atentamente o ambiente e as pessoas que circulavam no local. O comportamento do empregador, representando inocência e desconhecimento dos assuntos indagados, irritou interiormente a auditora.

Sem perceber, duas vezes ela torceu o canto da boca, com desdém, pois não agüentava tamanha “cara de pau”. Quando sentiu o que fez, apressou-se a dar prazo para exibição de documentos, quando investigaria melhor as evidências que constavam da ordem de serviço.

Saiu da empresa com uma sensação de inconformidade por ter sido tão óbvia na expressão facial, traindo a sua costumeira postura profissional de domínio de emoções. A esperança era que o empresário não tivesse percebido o gesto involuntário.

Retornaria após o final de semana, na terça-feira seguinte... Previsão coerente para uma continuidade da ação; mais tempo e eficácia.

A vida, entretanto, não é previsível como gostaríamos... Infelizmente o empresário foi a óbito em um acidente automobilístico naquele domingo.

A notícia inesperada deixou a auditora triste e com a sensação de culpa por ter feito o esgar indesejado. À noite ela sonhou com o proprietário da empresa em uma urna funerária... Isto potencializou o seu constrangimento.

Impressionada, o tempo passou e ela nunca retornou para concluir a fiscalização.

Dalva Trindade S. Oliveira

(Dalva da Trindade)

18.01.2016