Relatos de um Dia Quente.

Havia uma ervilha tomando uma coca cola enquanto rolava nua na rua...

Na esquina um restaurante oferecia feijoada de outras eras. Muito toucinho...

As pessoas comiam e morriam alguns passos adiante, onde jazia um amontoado de cadáveres na praça. Os urubus, cansados com o sol tórrido a fritar-lhes os miolos, pensavam que estavam tirando uma soneca...

Encostados na sombra de um poste um casal trocava grãos de bico com as línguas. O romantismo daquele ato fez uma senhora chorar e desmaiar no pixe derretido. Sua face ficou ali grudada por quarenta minutos, quando uma criança jogou-lhe um copo dagua, mas já era tarde demais...

No telhado de uma residência outro casal se contorcia...

O prefeito confundiu um cão com um tapete, levou uma mordida. Assustado, correu para a rua e foi atropelado pela carrocinha. Morte instantânea...

E as pessoas continuavam a andar dentro de suas cabeças cheias de contas, piolhos e dúvidas.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/03/2016
Código do texto: T5568601
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.