"Morena, Linda, Sensual, de Olhos Verdes" = Romance = Capítulo 22

Prezados leitores deste romance: minha gripe piorou bastante ontem e só me permitiu colocar os artigos que já estavam prontos. Como estou reescrevendo os capítulos extraviados (do 20o. ao 49o.), ontem não conseguí fazê-lo. Desculpem a nossa falha.
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- Yolanda, por favor, não se vá sem me dizer uma coisa: porquê não devo contar sobre esta venda nem mesmo para minha noiva? Por falar nisso, ficamos noivos na semana passada e já estamos resolvendo a data do casamento. Queremos nos casar o quanto antes e gostaríamos de convidá-la...
- Meu querido colega, escute uma coisa com toda a atenção: quando você quiser espalhar um segredo, conte-o só à sua esposa. Pense no meu conselho e tire suas conclusões. Se quiser contar a ela antes, conte. Depois não diga que não avisei.

Eduardo nada contou à noiva. Realizou a venda, recebeu a grande comissão, agradeceu intimamente à boa ex-colega Yolanda que havia acabado de deixá-los e depositou o dinheiro na conta até que se decidissem, ele e a noiva, que itens comprariam primeiramente para a futura casa.
Só alguns dias depois uniu os pontos e lembrou-se do conselho de Yolanda. Deu um grito de repente:
- Filha da puta! Foi ela! Foi a minha noiva que me fez perder aquela venda gigantesca que a Yolanda fez em meu lugar! Foi a desgraçada da Miriam que deu com a língua nos dentes e me fez perder a venda! Besta desgraçada que eu sou! Só agora me toquei...A Miriam deu com a língua nos dentes, a Yolanda correu na frente e levou a bolada!
Durante a madrugada mesmo, tão logo acabara de gritar, furioso, em seu quarto, Eduardo pegou o telefone e ligou para a casa da noiva. O pai da moça atendeu.
- Por favor, chame a Miriam com a máxima urgência, seu José.
- Houve alguma coisa, meu filho? São três horas da manhã...
- Seu José, eu não liguei para pedir as horas. Liguei para falar com a Miriam. Chame-a com urgência, por favor.
Eduardo ouviu o homem jogando o aparelho no móvel mas não se importou. Não esperaria horas para esclarecer o assunto.
- Meu amor, o que houve? Você nunca ligou aqui pra casa durante a madrugada...
- Miriam, para quem você contou sobre a venda grande que eu tirar na fábrica de automóveis?
- Pra ninguém, meu bem...
- Não vamos começar um relacionamento sério com uma mentira, não é, meu amor? Para quem você contou?
- Só pra Mariana, nossa amigona, tão amiga nossa que será nossa madrinha de casamento, amor.
- E onde vocês estavam quando você contou a ela?
- No banheiro, é claro. Era o lugar mais discreto possível...
- Tão discreto, minha querida, que a Yolanda ouviu sua conversinha prejudicial, correu na frente e se fez às custas do meu trabalho. Encheu o rabo de dinheiro a partir dali e no final me deu um prêmio de consolação, minha querida ex-noiva.
- Ex-noiva, Du, porquê, amor?
- Por nada, sua imbecil, fofoqueira, língua desgraçada dos infernos. Só estou nervoso porquê perdi uma venda imensa, e muitas outras que depois dela eu poderia ter conseguido. Só porque você foi linguaruda, atrasou e muito a minha vida. A nossa vida. Tchau e bença e até nunca mais. Vá à puta que a pariu e nunca mais me procure. OUVIU?
No dia seguinte Eduardo não se deu nem ao trabalho de pedir demissão na Empresa. Dirigiu-se ao concorrente, preencheu a ficha de inscrição e passou a trabalhar bem longe da ex-noiva indiscreta.
De qualquer maneira sentia-se grato a “Yolanda”, que lhe abrira os olhos com relação à jovem mulher com quem pretendia casar-se.

Ao desligar-se da distribuidora de filtros, Eliane ligou para Romero. Estava co muitas saudades do amigo engraçado e precisando pensar na vida estando bem acompanhada por algumas horas pelo menos.
Felizmente Romero estava em casa naquele dia e correu logo ao seu encontro, também cheio de saudade e desejo acumulados. Abraçando-a apertadamente de encontro ao seu corpo, rodopiou com ela pela calçada lotada de gente enquanto cobria seu rosto e sua boca de beijos escandalosos, só parando para dizer, bem alto:
- Gente, essa mulher abusa de mim! Me usa e me joga fora sempre que não me quer mais. Já não agüento mais, meu Deus! Dessa vez ela terá que casar comigo. Vejam o tamanho da minha barriga. Vejam só o que ela me fez. Graças a Deus não é gravidez. É a cerveja que bebo pra tentar esquecê-la...Pra esquecer essa sedutora insensível, meu Deus! Socorro, gente! Ela não quer me soltar...
- Pára com isso, seu bobo! Tá todo mundo olhando pra gente e rindo. Deixa de ser palhaço...Estão parando pra olhar pra gente...
- Que nada, meu amor. Estão parando pra ver sua calcinha que aparece toda vez que te rodo. Maior sucesso de público.
As pessoas passavam rindo, achando que era algum casal de artistas fazendo uma performance em público e alguns chegavam a aplaudir ligeiramente.

Foram para um bom motel em São Bernardo depois de um demorado almoço no Demarchi e curtiram uma tarde inteira com muita calma, risadas, muito sexo e conversas jogadas fora.
- Então, minha querida, quando é que você vai deixar de ser essa vagabunda trepadeira, criar juízo e casar comigo?
- Vagabunda, meu amor, eu quero ser a vida inteira. O que pode mudar é passar a ser vagabunda exclusivamente sua, mas até lá ainda tenho muito que fazer. Quero, mais que tudo na vida, ser rica. Rica ainda jovem. Um dia eu vou dizer: chega. Chega mesmo. Já ganhei muito dinheiro e a partir de agora não trabalho nunca mais. Aí você entra na minha história de vida e seremos dois vagabundos felizes a curtir a vida.
- E se eu não ficar rico?
- Você nunca será rico, meu querido. Não com esse coração de ouro, com essa mania de colocar sua imensa família dentro da carroça e puxar sozinho, com essa mania de caridade que tem. Você só ficará rico no dia em que eu chegar pra você e disser: “Te aceito como legítimo esposa e te darei tudo que tenho pra cuidar de mim e me amar em todos os segundos de minha vida.”
- E esse dia chegará?
- Se Deus quiser. E não poderá demorar muito. O que mais quero nessa vida é deixar de ser vagabunda e virar sua esposinha fiel e cheia de amor pra dar.
- Por falar em dar, vamos dar mais uma?
- Só uma?

Quando retornavam a São Paulo, no carro de Eliane, em direção de onde ficara o carro de Romero, ela sentiu urgência em urinar, parou em um posto onde sabia que encontraria sanitários limpos, e correu para um deles enquanto Romero curtia uma música no rádio do carro.
Aliviada, cuidou de trancar a porta com um cadeadinho, como era pedido pela direção do posto, e ao fazê-lo percebeu um homem aproximando-se de seu carro pela porta do motorista. Era um homem alto e entroncado, montado em uma velha bicicleta e Eliane julgou que ele estava pedindo um trocado a Romero. Quando Romero pôs a mão dentro do paletó, logicamente para tirar a carteira, o homem deve ter pensado que tiraria uma arma e disparou um tiro na cabeça dele. Eliane viu claramente o que acontecera e seus joelhos dobraram-se e ela caiu silenciosamente ao chão, de tanto susto.
O assassino saiu pedalando tranqüilamente, assoviando, e não viu Eliane estendida no chão, tentando levantar-se e correr em direção ao seu carro.
Foi difícil para ela, que se sentia andando em nuvens, chegar até o carro, abrir a porta, abraçar a cabeça do amigo que ainda gemia.
- Ah, meu querido, que bom que você não morreu...Você verá, vamos chegar a tempo a um hospital. Deus há de nos ajudar. Tenho fé que ajudará.
Suando muito, sofrendo intensamente, Eliane conseguiu imprimir altíssima velocidade a seu carro e com a mão em cima da barulhenta buzina chegou em poucos minutos a ao Hospital Municipal do Ipiranga. Entrou no hospital correndo e gritando por socorro e mais do que depressa Romero foi colocado em uma maca e levado para a emergência, enquanto ela contava atropeladamente o que acontecera sem nem perceber a quem se dirigia.

=Continua amanhã.
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 11/07/2007
Reeditado em 20/07/2007
Código do texto: T560312
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