O Mortal combat em Nhamathanda

O Feduane meteu-lhe uma chapada nas trombas, mas o Bendecuane, que era um gladiador nato, não desistiu do fight, continuou a digladiar. Assim, o puto apertou a glote do Fedinho e deu-lhe logo um Kata guruma. O Fedinho, como era um camicase, invocou furiosamente o Ngoka, um dos espíritos mais furibundos e mortais dos Bandla, para usar o seu corpo, uma espécie de metempsicose, transmigração do espírito. Na sequência disto, bramiu num tom possesso e acordou mastigando pedras e garrafas, a bombear saliva no ar, um cuspo que possuía alguns bilionésimos de arsénio, deu cabeçada no chão, abrindo uma cratera de meio metro de profundidade dentro da qual fluíam grandes concentrações de trinitrotolueno.

O Bendecuane, depois de se desviar dos cuspos, destinados a paralisar-lhe o sistema circulatório, deu um kadjango para o lado da cratera, onde jazia uma linha-férrea. O puto arrancou um dos carris e trincou-o, mastigando o ferro como uma pastilha elástica. Esboçou um sorriso epopeico, selváticamente africano, que herdara do Vovó Bembele. Da boca, espreitaram os dentes quebrados que deixavam fluir uma gosma fantasmagórica que continha uma substância metálica, um fluido pegajoso designado urânio.

O Ngoka saltou para dar um Tai otoshi, mas levou com um chute nos cornos, um muro nos focinhos e, para finalizar, um Yoko gaxe seguido de um Yoko guruma e um golpe forte no peito, que fez o coração bombear muito sangue no cérebro, ao ponto de causar neuromas (coágulos no cérebro).

Enquanto o Feduane agonizava convulsivamente quase sepultado no chão, libertando bolhas de sangue diluído pela espuma epilética, com o crânio rachado, ou melhor, traumatismo craniano; o Bendecuane resolveu dar-lhe um brutal fatality. Assim, quebrou-lhe a mandíbula e a medula espinal. Enfiou-lhe o dedo no reto e retirou os intestinos (grosso e delgado). Meteu-lhe a mão na boca e arrancou a úvula. Abriu-lhe o saco musculocutâneo (o escroto) e retirou as bolas.

Carregou as entranhas do ex-adversário para o cemitério, onde fez um ritual, vertendo o sangue dos órgãos retirados sobre a tumba do seu grande mestre, o curandeiro Bembele, um nguni da descendência do Nguanase, que fugiu da África do sul no período Mpfecane.

Mutxipisi
Enviado por Mutxipisi em 15/04/2016
Reeditado em 12/02/2017
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