Minha infância...

Nasci no interior na área rural e fui criado na roça junto com meu pai e mãe onde meu pai trabalhava na roça de um grande fazendeiro. Desde pequeno sempre fui um menino travesso e com certo grau de malícia.

Certa vez, fui à casa de vovó e chegando lá na época de laranjas, pedi a ela que me desse uma laranja. Ela me falou, dou aquela ali naquele galho...

Respondi, mas vovó aquela é a mais alta, me de uma mais baixa para que eu possa pegar igual aquela ali mais baixa...

Ela me falou, dou somente aquela ali, se quiser pegar, então pega... Então subir no pé de laranja e me escorando sob os galhos espinhosos estendi a mão para pegar a laranja mais difícil do galho. Sem perceber que naquele galho tinha uma caixa de marimbondo tatu.

Quando peguei a laranja e a puxei tentando arrancá-la do galho derrubei a caixa de marimbondo que me picaram o corpo inteiro. Fui medicado com remédios caseiros, pois naquele tempo não havia os cuidados médicos. A velha ria com toda maldade e disse foi merecido para que eu deixasse de ser enxerido.

Fui aos poucos me curando e pensava em me vingar da velha filha da...

Ela me paga pensava eu, planejando uma vingança...

Peguei um enxadãozinho e todas nas noites, eu saia de casa escondido e ia na plantação de laranja da velha e chegando lá cavava um buraco nos pés de laranja da velha até achar a raiz e ali cortava... Não demorou muito e já tinha cortado a raiz de vinte pés de laranja da velha... Certo dia ela notou que os pés de laranja estavam todos secando...

Ela foi à cooperativa e chamou o agrônomo que após fazer uma análise, foi direto na raiz da planta e notou que havia sido cortada. Disse a ela que alguém estava cortando a raiz dos pés de laranja. A partir daquele dia a velha ficou desconfiada comigo, mas não podia me bater porque meu pai não deixava. O tempo passou e ela parecia ter esquecido. Mais ainda não me dei por satisfeito, à velha tinha um belo e grande papagaio, e logo imaginei preciso matar aquele papagaio.

Certo dia a velha foi no rio lavar roupa, peguei um estilingue e com uma pedrada matei o papagaio da velha. Quando a velha chegou o papagaio estava até duro caído no chão, já sendo comido já pelas formigas.

A velha tinha muita cisma de mim, e para que eu não mais lá na casa dela ela comprou um toro bravo.

Não podíamos nem entrar no cercado da velha que o toro investia contra todos nós. Logo imaginei preciso me livrar desse toro, pois todos tinham medo dele.

Chamei alguns meninos para me ajudar, que logo me disseram que não, mas com muitas ameaças enganei eles dizendo que iria somente amarrar o toro...

Fui à mata e cortei uma folha de coqueiro bem grande cortei as folhas do meio até o cabo deixando somente nas pontas...

Cheguei no curral e bem perto toro ele já bufava de tão bravo que era, bati com vontade na cara dele até não restar nenhuma folha...

Ele enfurecido chifrava o ar parecendo que ia destruir o curral, foi quando abri a porteira e corri e ele enfurecido correu atrás mim.

Sai correndo em direção ao atoleiro como era leve e pisava somente nos barros secos e assim consegui atravessar e o toro muito pesado logo atrás de mim começou afundar no atoleiro.

E numa ânsia de me chifrar o desgraçado insistia, mas aos poucos ele começava afundar no atoleiro...

E quanto mais insistia ao movimentar-se ele afundava, esperei que ele atolasse até a barriga voltei e peguei mais uma folha de coqueiro e bati até que meus braços ficassem cansados.

Voltei pra casa e fiquei bem quietinho... Passando alguns dias à velha sentiu a falta do toro e saiu à procura não o achando... No dia seguinte ela colocou mais gente para procurar e não conseguiram achar o toro,voltaram desacorçoadas, pois ninguém foi no atoleiro.

Já com dois dias de procura a velha entrou em desespero saiu perguntando a todos inclusive aos moleques da região e a molecada tinha medo de mim, pois eu ameaçava bater neles se falassem, então tinham medo e não falavam.

A velha me chamou e perguntou sobre o sumiço do toro...Eu disse que não sabia de nada, então ela falou com meu pai e ele disse como um menino deste jeito, meio fracote pode sumir com um boi bravo daquele tamanho. No terceiro dia novamente a velha disse se ele estiver vivo estará com sede e fome pois a tripas poderiam colar e ele morreria, me chamou novamente e disse que se eu falasse onde estava o toro ela o venderia e me daria um presente. Então falei onde estava o toro e ela me disse que toro não entrava naquele atoleiro,disse a ela, mas para me pegar ele entrou, pois eu bati na cara dele...

Falei a ela que fosse ao atoleiro perto da arvore de jatobá que o toro estava lá... Assim eles foram e logo avistaram o toro que estava com os olhos até vermelhos de tanta raiva... Pegaram umas cordas a amarraram no toro e conseguiram tirá-lo do atoleiro...

Depois dessa, a velha vendeu o toro, me chamou e me deu de presente um cavalinho para eu passear...

Comendador Carlos Donizeti (DA)

Conto verídico narrado para mim e escrito em primeira pessoa sem citar nomes. 25/06/2016

Comendador Carlos Donizeti
Enviado por Comendador Carlos Donizeti em 25/06/2016
Reeditado em 14/11/2016
Código do texto: T5678586
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