Tuti e as Asas...

Infartou em cima de uma árvore no Rio Sapucaí. Infarto fulminante. Caiu e ficou com uma perna pendurada entre a forquilha de um galho. Estava caçando capivaras, sozinho e bêbado. Estendido ali dois dias. A velha do mato viu o corpo e enviou mensagem de fumaça para as autoridades. Chamaram o rabecão. Vieram dois impassíveis agentes funerários. O cadáver, duro, ficara com os braços estendidos, já que pendurado de cabeça para baixo, o que o formatou daquele jeito. Não cabia no caixão. Tuti, um dos agentes, não sabia como acondicionar o de cujos em sua penúltima morada. O outro, mais experiente, disse lacônico: quebre os braços!

Tuti, meio puto, meio lúcido, atendeu ao comando lógico na ocasião e quebrou os braços do morto para acoplá-lo adequadamente.

À noite, na hora da janta, decidiu que nunca mais comeria asinha de frango...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 30/07/2016
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