Trabalhador do Brasil

Sergio estava contando:

- já há vários dias, quando eu ia pro meu trabalho, no canto de casa, um caboclo vivia a me abordar.

Dizia ele:

- mestre me dá uns trocados pro meu café.

Até que um dia eu realmente precisando de ajudante, de súbito refleti... Olhei-o e vi um rapaz vigoroso, bom pra me ajudar. Vi que Deus o enviara.

E falei:

- meu bom moço você quer ganhar uns trocados mesmo?

- claro. Repetiu ele.

Estou precisando de alguém que cave um buraco.

- Estou dentro. Disse ele firme e forte.

Levei-o e quando lá chegamos a empresa sempre fornecia um café reforçado e nós fizemos aquele dejejum com gosto. Vale ressaltar, que pensei ter levado um Africano, pois o rapaz comeu bem.

Então disse:

- rapaz pegue a picareta e cave sessenta centímetros dessa capa de curvão na extensão de vinte por dez, pra eu fazer o aterramento. Enquanto faço os preparativos das antenagem e fiação lá em cima.

Ao meio dia e meia quando desci só existia feito cinco metros e quarenta centimentros de profundidades feito. Perguntei:

- amigo o que aconteceu?

- há tem umas pedras e olhe como as minhas mãos estão?!...

Olhei - o firmemente e disse:

- amigo você vai dar conta do serviço.

- há com certeza. Eu mato essa para pela tarde.

Almoçamos bem e quando o sol das duas se mostrou começamos o segundo período.

Subi para o meu intento concluir e quando terminei desci. Para a minha surpresa vi que o serviço ainda estava inacabado e perguntei ao rapaz, que estava acostado as grades do cercado da empresa:

- cadê o jovem que estava fazendo o trabalho aqui?

- já tem uns trinta minutos que estou aqui e só encontrei a picareta fincada no chão e não havia mais ninguém por perto.

- ora cadê o Zé?!...Perguntei-me, mas arrumei as minhas coisas e fui pra casa.

Ao chegar em casa, lá pelas vinte e uma horas, minha irmã, como uma fera veio a mim.

- Quem é um rapaz que está desde as seis e meia batendo na porta da casa pedindo o pagamento da diária dele.

E nesse exato momento chega o dito cujo, agora batendo na janela de casa, que abri e o atendendo, pedi que ele entrasse pela sala de estar.

Lá chegando ele me falou que queria a sua diária. E eu fiz as seguintes ponderações:

- por que você não terminou o serviço e foi embora sem avisar?

- puxa ali era só pedra, ademais o sol estava intenso e as minhas mãos estão só calo. Isso trabalho pra louco cara.

Refleti e respondi:

- amigo, todos os dias durante quatro meses, que passava para o trabalho você ficava me pedindo trocados. Então te arrumei uma oportunidade de ganhar mais que trocados. E outra o que poderia te oferecer se nem estudo você tem. Passa o dia todo e todos os dias no canto da rua sem fazer nada de útil. Agora vens me dizer o que estás a me dizer.

- Tome pegue um terço do que trabalhastes e muito obrigado.

Desde esse dia, o rapaz, continua a esmolar de todos que pelo canto passam, mas não pede nada a mim.