Diário da Cidade

De repente, um alvoroço de fora para dentro da casa, do senhor Antenor, um empurra, empurra desesperado, que Pedro seu filho quis saber, mas quando deparou com um cano de revolver em sua face ficou, meio que estonteado.

- Bora, bora, todo mundo encostado de cara pra parede e sem dar nenhum pio. Senão leva fogo. Gritando, um rapaz, de cara limpa empunhando uma arma, junto com os seus comparsas tocavam o terror.

- Lobo Mau, recolha os celulares, os relógio, sapatos e bolsas. Ordenava de novo o rapaz, com o revolver nas mãos, quando o pastor interpelou:

- meus filhos, por favor, tenham compaixão, respeitem é um velório.

E outro bandido logo rechaçou:

- Ei coroa cala a boca e me dá logo o teu relógio e essa tua bíblia, que já dá pra pagar as armas.

- Belisca a lua, cuida da porta, que eu vou ajudar o lobo.

- Certo Cara preta, deixa que se alguém se mexer eu passo fogo.

Aquela noite pra esquecer, Pedro refém, com a arma na cabeça apenas olhava o corpo do seu velho pai estendido no meio da sala, enquanto os meliantes faziam, aquilo que eles notabilizavam como arrastão.

Em silêncio, algumas senhoras indignadas choravam de pavor, temendo por suas vidas diante das ameaças dos bandidos covardes, que sem escrúpulos, zombavam da falta de segurança e de justiça daquelas pessoas humildes.

Calmamente, após a devassa, os três foram saindo tranquilos e sorridentes fugindo pelas ruas da injustiça, acobertados pela impunidade e as travessas escuras e sem estruturas de Belém.

Tempos depois a policia chegou, mas pouco se fez, pouco se apurou, pois o medo de represálias, apesar da indignação de todos, optaram pela lei do silencio.

A tv, quando ao local chegou, até tentou fazer a reportagem, mas a policia os censurou, nos bastidores dizendo:

- Desculpem, mas já basta os protestos de revolta, a tristeza instalada na família e essa repressão oculta dos bandidos, e ainda vem vocês, querer noticiar a dor, vamos respeitar.

Abismada a comunidade, compreendia a censura e o atestado de incompetência do Estado, que dividia opiniões, entre os curiosos.

Certo mesmo, fora a noticia também, de que os mesmos bandidos entraram no casamento da filha da dona Aracy, tocando nos seios da moça e fazendo humilhações como as do velório, sem ninguém enfrentar e mais uma vez a policia chegara tarde e sem saber o que apurar.