Sociedade Brasil

Ambulância chega no hospital trazendo dona Maria gemendo de dor. Enfermeiros caminham e se dividem para fazer os preparativos emergenciais. Na falta da maca, a cadeira de rodas serve ao apoio. O médico, que é o único, saindo do plantão, cansado sai de uma sala e entra na outra. Quando, é acionado para prestar socorro a dona Maria, que devidamente alocada no corredor olha em volta e vendo a imensidão de outros pacientes pedindo atendimento até piora.

Na agonia da entrada os filhos reclamam, mas só a quem é permitida entrada, é ao marido, que calmo acompanha a sua esposa e pergunta ao médico que atende:

- Doutor o que vai ser feito

- Senhor tenha paciência estou verificando.

- Dr. só lhe fiz uma pergunta.

O médico mal colocou o estetoscópio e chamou a enfermeira:

- Dipirona e Soro.

E seguiu sem dar nenhum sorriso, em direção a outro paciente. E a enfermeira, sem prática, mas obediente correu, voltando em seguida com o material. Ajeitou na cadeira de rodas a vara de soro e começou a tentar pegar a veia de dona Maria, sem muito sucesso, durante alguns minutos.

Como a dor já suplantava a realidade, pra dona Maria, já estava tudo sem sentido. Porém para o marido era diferente, por isso ele falou:

- moça você já furou oito vezes ela.

A mocinha meio que nervosa, mediante essa interpelação respondeu, mas já conseguindo o objetivo.

- Senhor tenha calma. Estamos pra ficar loucos por aqui.

- Sim, mas a culpa não é de minha esposa e nem minha. Então vocês tem que atender e atender bem.

Após esse levante, algumas pessoas chiaram, mas enfermeira chefe veio e rescaldou:

- Gente assim vocês não ajudam. Já estamos no colapso e precisamos de colaboração, se não é o caos.

O Homem respondeu:

- Caos, ainda não estamos no caos. Então não sei o que é mais inferno.

A enfermeira chefe replicou:

- Se a situação é a que vocês estão vendo e não ajudarem tornar-se-á pior. Então tenham paciência.

Enquanto seu Geraldo calava, o tempo pra uma ação efetiva de medicamentos ia se esvaindo, dona Maria piorava e lá fora os filhos, há mais de cinco horas olhando impotentes pelo vidro da porta do corredor, do pronto atendimento, o estado de piora daquela senhora, implicavam para acompanharem a mãe, sem poder entrar pelas regras do hospital.

Tempo vai e tempo vem, senhor Geraldo ouviu a mulher clamar por socorro se desesperou e agarrou uma enfermeira pelo braço, que atendendo ao desespero daquele senhor foi correndo chamar o médico.

Às oito horas em ponto, ou seja, uma hora a mais da troca de plantão o médico, sem nenhuma reação humana foi até dona Maria e perguntou a enfermeira:

- Você aplicou o soro?

- sim doutor.

-Então agora dê essa medicação que irei prescrever.

A mulher gemendo sem juízo, o marido nervoso e impaciente. A enfermeira foi ao setor de preparo de medicamento e o médico agarrado pelo braço por um enfermo, como se pedisse salvação, ouviu o seguinte:

- Meu filho, já estou fora do meu plantão. Vou embora e outro medico que assuma.

Sem respiração dona Maria ofegava, seus filhos já sem aguentar empurraram o porteiro e entraram. O médico saíra no seu Honda Civic, seu Geraldo tentava acalmar a mulher, que desfalecia na cadeira e a enfermeira demorava com o medicamento.

Quando os meninos tocaram em sua mãe, um desespero tomou conta do hospital. Um novo médico vinha caminhando alegremente, conversando com a enfermeira, que após duas horas chegava com o medicamento, que já não era tão necessário, pois a dona Maria, acabava de falecer.

Sue Geraldo desmaiara e os filhos indignados gritavam com o cadáver da mãe no colo, sem saber o que fazer ou pra onde levar.

A policia de plantão foi rapidamente acionada e a família foi parar na delegacia. Entre gritos e desacatos, negligencias e omissões, falta de compromisso e falta de fiscalização, foi registrado ocorrência contra o hospital e os médicos.

No dia seguinte o secretário de Saúde disse em rede local:

- Lamentamos o que ocorreu com dona Maria e pedimos desculpas aos familiares pelos transtornos. Mas vamos desde já apurar e punir os responsáveis.

Do outro lado da televisão o telespectador, que assistia a situação levantou-se e foi trabalhar.