Fim de Débora

Horas na internet esperando para falar com alguém. Alguém que não virá.

Ela se cansou, suas costas doem e tem um calo no pé. Mas isto não é relevante agora. Está cansada desta situação. Pensa em ir embora, mas lembra que assim já o fará sem poder escolher. Tenta lembrar por que tudo começou e não consegue entender. Está tudo uma bagunça. Seu nome é Débora, vive sozinha em seu apartamento e tirou um tempo para pensar.

Deitada no chão olha para o teto e vê tudo escuro como pode ser na madrugada. Levanta os braços até sentir sua coluna esticar. Vira-se de lado e estica também os pés e mãos. Fecha os olhos e quando os abre vê aquelas minúsculas bolinhas coloridas piscando diante de seus olhos como em outra realidade. Pensa em sair amanhã, rever os amigos. Mas para tanto seria necessário levantar-se, escolher uma roupa, jogar algo no estômago, não quer isso agora.

Por fim em pé se encontra, mas não para deixar seu casulo. Entra no banheiro, fecha a porta sem necessidade já que está sozinha, porém gosta de fingir que tem alguém ali de quem se esconder. Liga o chuveiro e senta-se no vaso. Ainda vestida entra no Box e debruça-se em lágrimas.

Quando sai do banho vê que está com o rosto inchado, pensa que ninguém irá novamente se interessar por aquela pessoa refletida no espelho. É pequena, é perdida, é confusa. E ainda pensou estar fazendo o certo quando pôs um fim ao o que achava que teria continuação. Achou que as palavras e promessas trocadas seriam eternas como sonhara um dia. Mas agora a realidade bate a porta que não quer abrir, foram eternas enquanto duraram. Ela deve seguir em frente com aquilo cravado em seu peito, sempre com a esperança mas nunca a espera do que talvez nunca virá. Se um dia quis terminar, é por que acreditava piamente que ali nada morreria, que tudo seria uma pausa necessária para que cada um tivesse tempo de se encontrar e tomar a vida juntos assim como outrora imaginaram.

Débora agora vai seguir sozinha, pois sabe que nada que possa fazer mudará o que já fez. Também compreende que não pode procurar por algo novo, já que tudo era insubstituível, único e especial.

Sofia Fernandes
Enviado por Sofia Fernandes em 24/07/2007
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