Diário de um diferente

Não acreditem em absolutamente nada do que vai ser relatado aqui! Claro em se tratando de um conto nada deve ser certeza. Pois bem, tudo começa ainda na minha infância, foi ainda bem pequeno que pude perceber que as pessoas são exatamente "farinha do mesmo saco". Me questionava, se eu nasci do meu pai e da minha mãe e eles dos meus avós, então quem foi o primeiro a nascer?. Mãe?! O que é menino?! Estou fazendo o feijão! saí daqui. Certo. saí desapontado. Pai?! expliquei minhas dúvidas. Ele respondeu: - Deus criou o primeiro homem e a primeira mulher. respondi: - Sério! e quem criou Deus? Não sei. Como assim não sabe. Não sei e pronto. Esqueci, então vi o álbum de família e lá tinha umas fotos antigas. Eu disse eu estava ali. E perguntei a minha mãe. que respondeu: - Não você AINDA não existia! Como assim eu não EXISTIA, um mundo estava normalmente funcionando as pessoas estava todas alegres. E se quer eu Existia! perguntava aos outros (crianças) e todos nem sequer pensavam naquilo. Eu sempre me sentia diferente fazia de tudo para parecer com os outros, nada adiantava. Eu friccionava as mãos contra o próprio rosto, quando ansioso, meu pai me reprendia, os outros riam. Minha mãe incitava meus primos a me imitarem, a zombar de mim. Eu me sentia como algo quebrado, sozinho, triste e diferente. Soube ler por conta própria antes de todos de minha idade. Tentava entender por que todos corriam sem parar (as outras crianças). Então me refugiava nos livros, sim! Minha mãe, do jeito dela, me dizia que eu era muito inteligente! Um dia você vai ser um advogado e fazer uma faculdade. Estávamos em 98. Eu se quer sabia o que era uma faculdade. Certa feita, peguei um livro de OITAVA série, nossa! o livro da minha mãe. Devorei aquele livro de biologia, entendi sobre os cromossomos, de onde vinham os bebês. fiquei fascinado. Até que um dia minha tia resolveu ir lá em casa. Eu adoro minha tia, e já a adorava naquela época. Era a ÚNICA pessoa que eu podia falar sobre TUDO. ou quase tudo. Disse-lhe: - Tia eu sei de onde nascem os bebês!? Ela arregalou os olhos e disse meio sem jeito disse: - Quem te disse isso menino!? Expliquei os detalhes, espermatozoide, óvulo, enfim. Ela me olhava sem acreditar, entre suas bochechas coradas. Lembrando que estávamos em 1998 e uma criança de seis anos teorizando com suas palavras em termos científicos a concepção. Alguém que já lia desde os dois. Porém, não conseguia entender o por quê, de sua mãe ficar irada ao ponto de o castigar por saber daquelas COISAS. Um dia na sala de aula, meus olhos estavam lacrimejando sem parar, minha professora me encaminhou para fazer uma consulta oftálmica. Fui, e na outra semana apareço na sala de aula com um belo par de óculos, o mais barato que minha podia pagar, em consequência os mais feios que se podia imaginar. Muitos riram de mim. me chamavam de "galo cego" ou de "quatro olhos" . outros faziam-me perguntas do tipo: - Você pode enxergar? Aqui tem dois dedos ou quatro?. Como sofri. odiei a sala de aula. Decidi me comportar cada vez mais como eles para ser igual a todos. Cresci. Na adolescência se confirmou mais uma dúvida que guardava DESDE A INFÂNCIA! E sim eu... era, MESMO sendo católico, da renovação carismática e tudo o mais... não pudia ser! agora que eu me comportava como todos! foi um desastre, ainda mais por que quis me aventurar por padre, afim de escolher uma melhor maneira de viver em sociedade sem precisar me casar, e ficar tudo bem. Afinal, tenho uma "vocação". E blá blá blá... É o primeiro padre da família. E lá (seminário) eu conheci meu esposo e vivemos felizes até hoje! E me rendi, sou diferente mesmo e já recebi críticas da mais diversas possíveis, e sim sofri muito preconceito. Mas, hoje eu me sinto bem em dizer, SOU DIFERENTE! e ser DIFERENTE faz de você excepcionalmente normal.

J Carlos
Enviado por J Carlos em 14/10/2016
Reeditado em 14/10/2016
Código do texto: T5791561
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