A FONTE ato 6

A FONTE ato 6

O valente homem que corria

feito rio bravo descendo

escorrega nas pedras e cai morto

sobre a própria sombra

desfeita de alma corrompe

uma fraqueza sentida desesperada

anuncia so céus por onde não

pode voar que o lamento

ainda vivia dentro querendo ser

feroz por nascer no limbo

sobram esqueletos sem carne

e adagas enferrujadas

próximo do destino que ouve

gritando mudo por onde

podem estar o que socumbe

invalida esta "sorte" de estar vivo

olhando o velho tragado pela terra

como carne apodrecida vencido

deixando restos de morte pelo caminho

como areias jogadas ao vento

com cheiro forte de enxofre

o cheiro do lodo dos brejos

da imundíce que reina parecido

com humano comendo almas

que fracas de espirito destinam inocentes

figuras compradas logradas

pelos sentidos pelo prazer

por fazer nascer do infinito

querendo alcançar o fim do rito

mal sabia da crença falida

que andava por perto

que crescia num inferno

ela sentia na cama a vontade de estupro

ela sentia sua carne sendo invadida

ela sentia mesmo depois de tudo

que era tão somente uma estátua fria

moldada suja pronta e vingada

todo dia comida aos pedaços partia

todas as noites bebida nos lábios

sentia o prazer dele imperioso

jorrando seus sulcos suspirados

na sua boca maldizendo o nome

o nome que nome deveria ter

quem acorda no deserto

onde o o oásis é um filho que grita

quando ela chorava no prazer

maldito de ver sua presença nua

que roupa cobre um corpo sofrendo

de calor humano...

...ele não lembra quando pensa

depois dos pesadelos no fosso

onde a água escorre sangrenta

deixando suas lágrimas negras

quem poderia ser o degrau no alto

com aquelas inicias conhecidas

que marcam nas paredes

fantasmas vagando com sede

vem beber da sua tensa sofrida

falta de horizontes...

para onde olha tudo está igual

a ontem apenas o velho algoz

são ossos queimando

ossos escrevendo no chão

onde a terra o consome devagar

como o medo que ele sente

devagar constroi o que ele mente

devagar suas mãos em prece

desaparece a vontade de pedir

ao Deus dos perdidos alguma

luz p ra aquecer o frio que mata

no hino do silêncio quem está preso

pelas serpentes nunca acorda,

nunca acorda!