Aprendiz de Feiticeiro/ Hora Extra

Quem diria aquele simples aprendiz de secretário de escritório viraria a mesa. Começando também dessa forma a mudar a vida dos estagiários naquela administração.

Arthur não era um rapaz muito concentrado, não era aquele empregado que todos imaginavam. Porém, não media esforços para desenvolver a sua tarefa. Humilde, até pelas roupas, via-se que não sabia muitas coisas, inclusive mal sabia digitar, mas a mãe queira que ele amadurecesse e o impôs trabalhar.

Seguindo no seu dia a dia, como todo o trabalhador tinha a sua visão e começou a perceber mais pelas dificuldades, que a desigualdade e a exploração eram a bandeira do seu trabalho.

Tudo o que mandava ele obedecia até, às vezes, limpava a sala, jogava o lixo fora e servia café para o chefe.

Com o passar dos dias, se sentindo mais na casa, que o receberá, começou a se desinibir fazendo boas amizades, emitindo a sua opinião imatura, brincando de modo respeitoso e encaminhando -se enfim a firmeza na elaboração das coisas, bem como ganhando o respeito de todos por ali. Começou a sobressair nas boas maneiras e educação trazidas de casa.

Gradativamente começou a evoluir, começou trabalhando na Xerox, depois foi para o setor administrativo do Administrador chefe; depois para o setor de material e por fim ao setor de pessoal.

A requisição era tanta, que houveram chefes que ficaram sentidos ao brigarem pelo rapaz, que paulatinamente ia crescendo profissionalmente e amadurecendo em suas visões.

Tanto evoluiu, que começou a questionar seus direitos em cima da cobrança excessiva do horário de chegada, das tarefas e sobre a responsabilidade assumida dentro da empresa com cada serviço que lhe era repassado, bem como a carga horária acima do permitido, sem ganhar hora-extra, sem salário e ainda tendo que trabalhar aos finais de semana.

Dessa forma Arthur se resolveu e se reuniu numa sala, com os outros estagiários insatisfeitos ,para juntos reivindicarem ao Presidente da empresa pelo menos meio salário e vale transporte.

Em reunião o presidente, de imediato concedeu o meio salário com um vale transporte apaziguando o que chamaram de revolver.

Não demorou muito o presidente saiu e assumiu outro que sempre era aclamado pelos funcionários como o melhor dos melhores. E foi assim, que Arthur e os outros estagiários, aproveitando a oportunidade do momento, resolveram pedir para equiparar o meio salário ao salário mínimo, entre outros benefícios. No entanto, o presidente relutou e os taxou de petistas, direcionando principalmente ao estagiário Arthur, que não se fez de rogado dizendo com todo o respeito:

- Senhor, me desculpe, mas a nossa bandeira não tem conotação política. A nossa bandeira aqui é a necessidade, versos as responsabilidades que assumimos, pois se errarmos ao cumprir com o nosso dever somos postos em “xeque.”

A replica do presidente frente ao argumento do rapaz foi mandá-los por tudo em números, para que ele pudesse analisar adequadamente, visto que a sua formação era Economia.

Após uma noite inteira o rapaz e a sua equipe de amigos fizeram em tempo recorde a planilha de custos e benefícios e entregaram na manhã seguinte ao senhor presidente.

Após uma semana de analise, sem receber mais ninguém em seu gabinete o presidente concedeu o salário integral aos estagiários, que ficaram muito contentes. Deixando para trás só o humilde Arthur, que ganhou o respeito de todos, mas perdeu o estágio.