Carta de uma quinta de ausência

É que eu preciso te dizer que as vezes quase meio que esporadicamente quando olho o por do sol penso no teu sorriso. E que eu me sento todo dia defronte esse computador a fim de botar pra fora certas palavras que me façam metaforizar essa nova fase que vivo sem você.

Desde a última vez que trocamos palavras não há um só dia que teu cheiro não me passe por entranhas. E é engraçado, tu recomeçou, tu seguiu em frente e é difícil pensar que tu estás recomeçando sem mim. Sem teus utensílios que por algumas conformidades acabaram que por ficar comigo, desde a cama até as fronhas que ainda hesitam exalar teu cheiro.

Ao longo desses meses pudi perceber pouca ou muita mudança, do tipo ou 8 ou 80. É que tanta gente casou enquanto a gente separou, e é irônico pensar que a vida possa ser assim tão desentoada. Eu sonhava com nós dois todos os dias. E novamente me pego pensando que a vida é uma caixa de surpresa e nos prega peças, eu nunca quis casar! Mas contigo queria... E me peguei por alguns anos planejando esse dia, o dia que eu te diria o famoso “sim” e que a gente montaria nossa casa dos sonhos que nem as daquele programa canadense que costumávamos assistir nas tardes de domingo.

Eu preciso confessar que desde que você se foi, eu não tive coragem de voltar a praticar certos hábitos e manias que costumava fazer quando éramos apenas um. O “netflix” tão viciante nosso, agora já não acesso mais. Parei de assistir séries e de cozinhar. Não suporto ouvir o barulho do Playstation. Não frequento mais cafés, porque o cheiro me lembra tu. Cada vez que vou ao shopping sinto um frio na barriga por medo de te encontrar e não saber a tua reação a me ver, se me presentearás com um sorriso teu ou se irás me ignorar como se eu nunca tivesse feito parte de uma parte da tua vida. E eu fico imaginando certas bobagens também, como por exemplo, o que fizestes com os presentes que te dei? Será que ainda tens aquele vidro de perfume com nosso nome gravado cujo tinha uma caveira que tu tanto gostavas? E o nosso porta retrato, o que será que fizeste? E aquela almofada? Vai ser sempre uma incógnita, assim como agora tu és em meu coração.

É querido, apenas queria dizer-te como está sendo sem você e como estou tocando sem você. Todos os dias eu invento e reinvento as cores do meu arco-íris a fim de me redescobrir e redescobrir uma maneira de driblar a saudade e alguns pensamentos teus que me veem. Já me disseram que está na hora de escrever uma nova página, e sim, de certo modo está. Mas como virar a página pra rabiscar uma nova se teus sorrisos me assombram? É que eu ainda não aprendi a seguir em frente sem você, apenas eu sigo tentando reinventar todo dia uma nova forma de tentar amar outra coisa que me supra a tua falta: Eu mesma!

Marinara Sena

09/12/2016

00:32 Am

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 09/12/2016
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T5847955
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