O testemunho da Lua

Mais uma vez o poeta. Ele está sentado segurando uma caneta, pensando nas palavras certas para descrevê-La. Abre um dicionário e procuram por palavras que possam simbolizar aquele divino ser:

Terna: adjetivo. 1 – Meiga, suave. 2 – afetuosa

Carinhosa: adjetivo – Cheia de carinho (Carinho: substantivo masculino. Afago, meiguice, carinho.

Bela: adjetivo. 1 – Agradável aos sentidos. 2 – Bom, generoso.

Obviamente ele sabia que Ela era terna, carinhosa e bela. Mas as palavras, por mais encantadoras que fossem, não o satisfaziam. Nenhuma se aproximava da definição Daquela que ele proclamava sua musa. Talvez a palavra...

Perfeita – adjetivo – 1 – Que reúne todas as qualidades concebíveis, ou atingiu o mais alto grau numa escala de valores.

“Hum, talvez. Uma palavra que A defina talvez não exista e nunca existirá. Nenhuma seria tão... tão... Ela!”

Ele se levanta, caminha de um lado para o outro. Alegre, pois não existe pensamento melhor que aquele. Triste por não te-La ali do seu lado. Vai até a Janela e conversa com uma velha amiga dos poetas, a Lua.

“ Você está linda hoje, Lua”

No céu, ela brilha silenciosa.

“ É culpa delas, Lua. As Moiras, Cloto, Láquesis e Átropos, as três irmãs filhas da Noite que fiam o destino dos homens. Elas fiaram minha vida longe da outra parte do meu coração. Tudo o que me resta é cantar quão belo é meu amor e quanto é grande a minha saudade e minha dor”.

A Lua lá nas alturas continua silenciosa, sentada majestosamente em seu trono de nuvens e observa não só o poeta, mas também outro olhar apaixonado, de uma poetisa que também reclama de seu infortúnio e canta seu amor.