SAUDADES DE CASA, UM RETORNO A KADATH N° 1

O relógio em minha cabeceira marcava 2:00 da manhã, o calor insuportável fazia com que eu suasse em bicas. Comecei a fazer os exercícios de respiração e concentração, após um relaxante banho morno adormeci, para logo em seguida acordar para outra realidade, o mundo astral. A viagem é para um mundo privativo, onde os portões medem dois metros de pura madeira do lindo cedro do Líbano com desenhos encravados por toda sua extensão e quando abertos esses portões são como as asas de um grande anjo.

Sou um convidado, tenho um falso cartão de visita, espero que aceitem. Eu amo cada sujeira dessas ruas, o aroma sobrenatural invadindo minhas narinas, o guardião nos portões, eu o conheço desde muito, ele continua lindo. As senhas de segurança dos portões eu as criei junto com os meus generais. O corpo militar mais bem preparado dos mundos, formados pelo próprio “deus da guerra Sun tzu”.

A voz poderosa me chama a realidade:

Quem ousa bater nos portões?

Um viajante!

Esse viajante tem senhor?

Não posso me identificar ainda, minha kundaline está suprimida na base da coluna, minha espada guardada.

O meu senhor é o Lorde Thanatos, grande arquiteto do pensamento e um dos senhores fundadores.

Seja bem vindo escravo, os cães não se sentam a mesa com os seus senhores, lembre-se disso quando pronunciar o nome do seu mestre.

Acendo meus olhos para identificação final, apenas um lúgubre faiscar que poderia até mesmo queimar corações se estivesse em seus dias de glória.

Eu suprimi a verdade, pois aqui a mentira tem cor e logo é percebida.

Meu verdadeiro senhor é Vitra Rubra, o mais temido e reverenciado dos noturnos desse local. Minha espada foi forjada nesse local, eu fui forjado nesse local, em minhas crises de loucura recitavam poemas aos meus ouvidos enquanto eu delirava. Tive o maior Cicerone que se pode ter, tive os melhores professores de “tambaterp” combate corpo a corpo em kadatiano; Esgrima francesa, Idioma da supressão usado nas redondezas e dentro do castelo, persuasão, estratégia, volitação.

Desisti do esperanto após minha saída.

Quero apenas cheirar o ar e as rosas, escutar as musicas tocadas para os não iniciados no intuito de modificar suas energias.

Quero apenas me livrar dessa dor tão conhecida a todo imortal que nós humildemente chamamos de tédio. As mentiras ditas pela boca traindo o pensamento, as regras da sociedade que só são aplicáveis se nos trairmos e nos vendermos. Existe um lago de uma beleza magnifica onde as crianças kadatianas se banham e brincam.

Poderia falar por horas e horas, mas hoje exatamente nesse dia, com essa pequena e parca energia quero apenas por um momento olhar nos olhos de Tila a minha mais linda amiga e professora. Ela será a rainha desse local um dia. Novamente fui retirado dos meus devaneios.

Escravo!

Onde pensa que vai?

Droga! Esqueci que minhas regalias não estão disponíveis nesse estágio.

Sim, meu senhor!

Você é novo por aqui?

Sim meu senhor, queria avistar a mais linda das joias de Kadath.

Cuidado com as palavras bajuladoras o senhor Vitra não gosta.

Muita coisa mudou dentro e fora de kadath, não?

Chamo-me Izaque, e muita coisa mudou dentro e fora dos corações.

Eu serei o seu cicerone se não se incomodar.

De maneira alguma Izaque, chamo-me Tomás, é um prazer.

A sua energia Tomás é uma energia diferente. Há quanto tempo você acendeu seus olhos.

Sou um eterno novato.

Está escondendo algo? Sou versado nas artes de persuasão senhor novato. Podemos continuar assim ou devo mata-lo agora?

Mil desculpas, nobre Izaque, eu estava pensando em como te dizer que sou o aluno do V.M.V. (Venerável MestreVitra) sem parecer um mentiroso.

Ou você é um mentiroso completamente louco e suicida ou eu lhe devo saudações, senhor.

Você é muito bom com os jogos mentais Izaque.

Você também, Tomás, bom demais para ser um escravo qualquer.

Por esse motivo e por outros que envolvem a segurança dos meus senhores não posso deixar você prosseguir para nenhum lugar sem antes checar suas credências. Se você foi um dos alunos de quem diz ter sido você maneja muito bem sua espada, não?

Você sabe que eu não posso manejar uma espada dentro de Kadath!

E você sabe demais sobre nossas leis. Façamos assim:

Eu deixo você ir, por que você é um noturno, mas você precisa ir agora, pois não posso garantir sua segurança e se insistir em ficar terei que eu mesmo ataca-lo.

Obrigado Izaque, sou eternamente grato por esse favor.

Acordei suado em minha cama, no relógio marcava 3:00 horas da manhã, havia se passado apenas 1 hora.

Dois dias depois fui chamado a acordar em um dos meus sonhos, pois o Izaque tinha de alguma forma me rastreado e mandado três caçadores atrás de mim. Próximo conto: a caçada.

kronos
Enviado por kronos em 28/12/2016
Reeditado em 02/05/2017
Código do texto: T5865353
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