AQUELA NOITE

NARRADOR: A noite descia sorrateiramente na sombra escura da mata, enquanto no silêncio quieto das horas, sob um ruído a esvair-se num grito. O milagre da vida acontecia. Dona Coelha, pela primeira vez, era mãe. E tão inusitado fora aquele momento, que o alarido se espalhou rápido entre os vizinhos, curiosos, amigos e parentes, que aos poucos vieram visitar aquela família com os seus presentes.

SENHOR SAPO sob os seus saltos, coaxando foi o primeiro:

- Parabéns dona coelha trouxe-lhe do fundo o lago esse berço de ouro.

NARRADOR: A família agradecida o abraçou e o convidou para a festa, enquanto isso no alto, os pássaros alardeavam agradecidos por mais um dia que se ia. Dona Coruja, representante da classe, vendo o visto desceu a toca dos coelhos e também prestava as suas homenagens, com uma flor de prata, dizendo graciosamente.

- Que lindo, dona coelha o seu filhinho, só não e mais bonito do que o meu.

NARRADOR: as duas e o senhor coelho riram e dona coelha agradecida complementou:

- Ho, Ho,Ho, dona Coruja, muito obrigada pelo presente. Os nossos filhos prá nós pais, são sempre os mais bonitos.

NARRADOR: Assim, aos poucos aquele nascimento tornou-se um evento social na mata. Todos os animais da floresta vieram comemorar. Parabenizando a família e doando os seus presentes, cada um mais caro que o outro. Enquanto de longe, o grilo, que soube do ocorrido, assistia a tudo entristecido, pois não sabia como participar, visto que não tinha nada pra dar. Eis que vinha passando o seu vagalume e vendo o amigo triste quis saber:

- Meu caro amigo grilo, por que estas nesse canto escondido?

Disse o GRILO:

- Tô apreciando a movimentação.

VAGALUME:

- É só irmos lá.

GRILO:

- Não tenho nada pra dar.

VAGALUME:

- Ora deixe disso, vamos à festa, o que isso interessa?... Só você não vê, somos ricos de alma. Vamos lá festejar mais uma esperança nesse mundo. Não precisamos de coisas. Esses bens só servem pra acumular. Por isso é que há tanta poluição ameaçando o nosso ar. Vamos lá, vamos festejar essa dádiva divina.

GRILO:

- Pensando bem, você está com a razão. Só precisamos alegrar e fazer o bem. Além do que, eu sei cantar e você iluminar. Vamos lá fazer a festa.

VAGALUME:

- É assim que se fala meu amigo, não há presente melhor do que ensinar a amar, dê de si pro mundo melhorar. Essa é a essência da vida.

NARRADOR: Os dois se abraçando e rindo chegaram pra festa e se surpreenderam, pois todos gritavam seus nomes e aí dona coelha com o seu coelho foram a porta recepcioná-los dizendo:

- Puxa vida estávamos sentindo a falta de vocês, por que demoraram tanto?

NARRADOR: Como porta voz dos dois, o senhor vagalume explicou:

- Era o grilo que estava de queixa, pois não tinha presente pra dar e estava sem saber o que fazer. E eu disse pra ele, que o melhor presente não é aquele que vem das mãos, mas da voz do coração.

NARRADOR: Dito isso, todos foram a porta abraçar os dois que acabavam de chegar, pois eles compreenderam também, que a vida não se resume as coisas, mas na difusão do amor entre todos, para o bem estar e existência da sociedade.