Despertar

- Aonde estou?

Rachel estava cansada, não conseguia se levantar, como se tivesse feito uma longa caminhada, longa e árdua caminhada. Seus olhos viam tudo embaçado, mal os abria de tanto peso que eles carregavam.

Conseguia só ver a névoa a sua frente, uma névoa espessa que cobri todo o chão do lugar onde estava. Mas aonde estava?

Lembrou-se da última coisa que passava por sua memória antes de acordar naquele lugar desconhecido.

Era tarde, quase seis horas da noite. Ela estava voltando da sua escola como sempre. Assoviando uma música que ouvira no MP3 de sua amiga Cindy, não conseguia tirar ela da cabeça, mas também não estava a incomodando.

Passou pelas ruas de sempre, até ouvir um grito. Vinha de um beco na rua Baker. Não havia ninguém perto, nenhuma alma viva para socorrer o grito além de Rachel. Em reflexo ela correu para o local onde ouvira a voz pedindo socorro desesperadamente. Seu coraçaõ batia forte, quase querendo sair do seu peito e ir na frente dela ajudar a pessoa.

Chegou mais perto, o barulho de seu coração era frenético, quase ensurdecedor. Sua respiração estava ofegante, seu corpo suava frio. Andava devagar, seu medo fazia seus pés quererem para, mas a vontade de ajudar era mais forte, impulsionando seus passos lentos.

Rachel se escondeu atrás de uma lixeira e viu. Um homem com um manto negro quase enforcando uma senhora de idade que se contorcia, quase morrendo. Rachel gritou, mas sua voz não saia. O medo tomou conta de sua garganta.

"E agora? O que vou fazer? Devia ter ligado para a polícia..."

Olhou para o seu celular. Fora de área.

"Mas ele estava bom até agora pouco, o que aconteceu"

Não havia mais tempo para pensar, somente para agir. Procurou alguma coisa para se defender e viu um pedaço de cano encostado na parede.

Nunca tinha segurado uma coisa com tanta força ou convicção quanto segurou aquele pedaço de cano. Correu em direção ao homem e deu uma enorme pancada em sua cabeça. O homem caiu no chão, sem aparência de querer levantar de novo. Sangue jorrava de seu crânio.

- Senhora, você está bem? OUvi seu grito e vim te ajudar. A senhora está bem?

Nada se ouvia, a não ser a risada que vinha da prórpia mulher.

- Ha ha ha ha ha! Estou mais do que bem, minha filha. Estou Perfeitamente bem.

O corpo da senhora agora havia se transformado em uma bela dama com longos cabelos escuros e olhos cor de mel. A dama jogou os trapos de lado e mostrou suas reais vestes. Um vestido preto, com faixas vermelhas em detalhes.

- Idiota caiu como um patinho...

Quando Rachel percebeu, estava cecada por quatro homens como aquele que derrubara. Aliás, o homem que Rachel derrubou estava levantando com seu capuz caído, mostrando seu crânio amassado pelo pedaço de cano.

O homem olhou para a bela dama, ela assentiu com a cabeça. Ele levantou o s braços e segurou os ombros de Rachel...

Essa era a última coisa que se lembrava.

"Desmaiei, deve ser isso...Mas aonde me colocaram?"

Tentou se levantar sem êxito, suas pernas não a obedeciam. Apoiou-se no braço e tentou ver melhor o lugar no qual estava.

Somente névoa. estava tudo escuro, sem sinal de que alguém estava ali além dela.

- Olá!! Tem alguém ai!? Por que me prenderam!? Quem são vocês!? O que querem de mim!?

Ninguém respondeu, o silêncio começou a ser perturbador para Rachel. Tentou mais uma vez se levantar.

Uma mão esticou para ajudá-la.

- Vamos, tente levantar.

A voz era de um homem. Serena como se estivesse no colo de alguém muito querido que só quisesse lhe ajudar no que fosse preciso. Ela se agarrou na mão e apoiou o corpo mole no peito do homem.

Era um rapaz alto com cabelos longos, não tinha mais que 30 anos. Seus olhos eram brancos, mas mostravam uma calma sobrenatural.

- Olá Rachel.

- Quem é você?

- Sou um amigo, alguém que lhe protege há muito tempo, esperandio a hora certa de se mostrar. Essa hora chegou, minha linda Rachel.

O homem deu um carinho na testa de Rachel, um carinho gostoso, um carinho que fazia ela relaxar ao toque. Aquele homem ela nunca tinha visto, mas tinha certeza que o conhecia de algum lugar.

- Quem é você?

- Sou Lanriel, seu companmheiro de viagem.

- Meu o que?

- Podemos dizer que sou seu anjo da guarda. Mas agora não precisa mais da minha guarda.

- Anjo da guarda? Mas Essas coisas existem?

- Anjos? Não sei. Mas sei que eu existo, e me foi posto o dever de te proteger até que seu poder nacesse de dentro de você.

- Poder?

- Não lembra? Pobre garota. Você fezuma coisa extraordinária essa tarde, sabia?

- A senhora? Mas aquele homem me pegou e me prendeu aqui.

- Não Rachel, esse lugar onde estamos está muito longe de ser uma prisão.

- Então o que aconteceu? Só me lembro do homem segurando meus braços e ai...

- Venha comigo. Eu te mostro o que aconteceu.

Lanriel deu um beijo na testa de Rachel. Exatamente ao mesmo tempo ela conseguiu se segurar com as prórpias pernas. O homem segurou sua mão e apontou para o longe. Uma imensa porta de luz abriu aondde ele apontava, surpreendendo Rachel que estava boquiaberta.

- Como você fez isso?

- Tudo será descoberto por você no tempo certo. Venha.

Passaram pela porta e Rachel se viu de novo no beco que ela estava antes de desmaiar.

- Vamos, até o local onde aconteceu.

- Aconteceu o que?

- Isso.

Lanriel apontou. Rachel caiu com o susto que levou ao ver a cena na sua frente.

Todos os cinco homens estavam caídos no chão, cremados como se chamas tivessem consumido suas carnes. Suas faces de horror, que mostravam a agonia que lhes foi dada era a única coisa que podia ser identificada. O resto era só carne cremada e derretida.

- Como isso aconteceu? Quem fez isso?

- Foi você Rachel.

- Eu!? Mas por que.... Como.... O que...

- Calma minha menina, eles mereciam isso. São seres malignos que tentaram roubar o dom que lhe foi dado.

- Dom? Eu matei eles... - Rachel se pôs em lágrimas.

- Sei que é difícil, mas eles mereciam, minha pequena.

Lanriel abraçou Rachel e a acalmou com seu carinho novamente.

- Obrigado. Mas e a mulher?

O rosto de Lanriel mudou completamente. Um ódio passava por aquela face calma e angelical

- Ela fugiu, mas logo terá sua punição. E você minha linda, será essa punição. Ela não conseguiu realizar o que veio fazer, sofrerá com as consequências disso.

- Mas ela pode voltar pra me atacar de novo. O que vou fazer? Pra onde eu vou?

- Por enquanto vamos ter de esperar os outros. Graças a esse ataque, seu poder foi despertado antes do que devia ser.

- Outros?

- Existem outros como você. Outros agraciados com seus próprios dons, mas com o mesmo destino que você, pequena.

- Aonde eles estão?

- Infelizmente não sei, mas eles irão de encontro a nós. Só devemos esperar por agora.

- Esperar aonde?

- Venha comigo.

Lanriel abraçou Rachel e duas enormes asas saíram de suas costas. Ele bateu suas asas e voou em direção ao céu, até desaparecer com a menina entre as nuvens

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