Sonhei que te escrevia

Ontem sonhei que te escrevia,

queria apenas dizer-te.

E, é tanta incerteza em lembrar-se das palavras,

que a única certeza que tenho é que de doces deletérios me compõe o amor que te sinto.

Escrevo sem querer te escrever,

no embalo da minha teimosia nascitura.

Porém não importa a direção das palavras,

elas serão sempre tuas.

Hoje está um dia sem sol,

de repente porque sonhei que te escrevia e pudi sentir teu abraço tão quente, e também pudi ver teu sorriso que me cativa em todas as horas que avisto um pássaro pousar em seu ninho.

Eu queria te dizer que apesar da falta,

já esqueci teu cheiro,

na verdade decidi ignorar as notas da tua fragrância,

e não aprecio mais amadeirados com cheiros de mato, a

penas florais doces como a voz que te canto nas noites antes de dormir.

Não nego que acho sem graça ainda te escrever,

mas afinal preciso concluir ou encerrar meus ciclos de cartas de tuas ausências.

E irei.

No tempo em que minha fermata pedir para não mais te sustentar por metade da nota que toca meu coração quando emito a vogal de teu nome.

Sabe,

você não iria acreditar que ainda continuo ouvindo Bob Dylan e que agora estou viciada em cafés.

Tampouco que peguei a estrada em uma noite de um dia desses qualquer,

sem ouvir meu “rock and roll”,

encarando a escuridão,

porém reclamando dos reflexos das luzes altas.

É que resolvi dar chance a novos ritmos,

a novas cores e refazer meu arco-íris,

reinventei novas cores, recriei minha aquarela.

Fiz promessa e estou cumprindo,

compus músicas e estou tocando,

tatuei três notas musicais nos últimos três meses,

criei uma nova partitura só minha.

É que resolvi patentear a nossa,

porém abandoná-la para sempre num compasso de tempo chamado agora.

Já consigo dormir sem teu sabor e me aquecer sem teu calor.

Apenas uma coisa me causa rancor: saudade.

Esta que eu gostaria de arrancar do vocabulário e inventar outra língua que não me lembre ti em cada passo do meu dia.

Pois é,

mas hoje é apenas mais uma tarde nublada.

É de ausência.

Porém alimenta meu incrível sentimento que não tens capacidade de alcançar, sequer por um segundo de tempo: amar.

Marinara Sena

10/02/2017

16:33 Pm