Pedrinho

Era em um abrigo onde tinham algumas dezenas de crianças e adolescentes, umas inclusive bem pequeninas. Não sabiam de suas origens, e tão pouco o que significava família. O único lar que conheciam era o abrigo, assim como os poucos laços fraternos que eram os próprios companheiros e os colaboradores.

Aconteceu que no meio de uma conversa surgiram nomes não muito comuns, alguém falou pai; outro mãe; outro ainda primo, prima, tio, etc. E Rebeca, a assistente social, disse algo bem canhestro, parentes. Pedrinho ouvia atento a conversa, ele tinha seis anos, era muito esperto e sem entender indagou:

— Tia, o que é parente?

Engolindo seco e com um sorriso carinhoso voltado ao menino, Rebeca tentou explicar:

— Pedrinho, parentes são aqueles que fazem parte da nossa família de sangue: nossos pais, primos, tios, etc.

— E parente não é tudo igual?

— Não Pedrinho, existem graus de parentesco.

— Graus de parentesco? — Indagou mais confuso e completou — O que a senhora quis dizer?

Houve um silêncio entre os interlocutores, breve e profundo. Rebeca puxou Pedrinho para os seus braços, deu-lhe um abraço apertado e um beijo na face.

— Talvez — Falou Rebeca — me confundi com o que quis dizer, parentes não têm graus, são simplesmente.