Lado e lado e avesso

O personagem que aqui está, eu, não necessita de definição. Eu sou eu que não importa qual eu seja. Seja, eu, eu, eu e eu. Não há muita diferença, o eu está aqui; pode-se comparar como a realidade, o espaço, o sentido. Qual lado é não está em questão.

No reto, no verso, no anverso, posso andar, posso observar e também ser observado. Os olhos que por todos os lados estão; e presentes em todas as realidades. Me perder? Provavelmente irei, mas me encontrarei, ou não. Não busco a minha existência e nem a sua, muito menos a essência. Me entrego a sorte, onde posso entrar entre vincos da realidade, explorar a galáxia do ser e o nada. Nada onde há tudo. O meu eu se perde. Entre paredes, calçadas e avenidas. Perdido está. Procura a saída inexistente. Não sabe como sair desse contorcido jogo de cores. Eu, perdido no espaço; sinto pena de mim mesmo; preso, acorrentado à ilusão. Nesses rios de reflexos a sombra de meu eu anda desiludida, sem esperança de liberdade. Penso, logo existo. Não tenho a certeza, mas parece que as coisas existem porque eu existo. Elas me acompanham. Na verdade, na mentira; na ilusão, na simetria.

Eu me liberto. Nem mesmo eu acredito. O meu eu se liberta, liberta de si mesmo. Será que entendeu o seu vazio? Ou finalmente descobriu que não existe. O seu vazio existe? Ou o eu que não existe? A existência do eu vazio. O espelho octogonal de seu dezesseis lados, alguns escondidos, está refletindo o meu eu, que se tornam vários. Percebo que não cheguei a lugar algum. Na verdade, nem sai de onde estou.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 09/08/2007
Código do texto: T600495