BICHO DE PÉ

Uma coceirinha deliciosa ia iniciando.

Às vezes nas dobrinhas por baixo dos dedos dos pés.

Às vezes entre as unhas e a pele do dedão ou na barriguinha dos outros dedos do pé.

Às vezes de lado no dedão.

Como era delicioso ficar tocando o dedo onde repousava o bichinho.

Coçar o dedo no portal da porta da cozinha, no degrau que dava acesso a varanda.

Era uma sensação prazerosa ficar coçar às escondidas.

Pois se papai vesse coçando já ia conferir com seu canivete pontiagudo.

O jeito era coçar com o olhar esperto para ver se não tinha ninguém vendo.

O bichinho medonho ia crescendo.

Logo não dava mais para coçar onde ele estava, então, coçava mais por longe.

O dedo ia ficando meio roxo e o bichinho ia virando uma batatinha.

Mais parecida uma maquete cebolinha.

Era nesse período que papai não dava trégua.

Com seu canivete bem afiado, ia chuchando o bichinho, coitado!

Às vezes saía pela metade, a moranguinha estourava.

Às vezes saía inteirinha e ficava o buraquinho.

Colocava querosene para desinfetar.

O lugar do bichinho ainda ficava coçando por algumas horas.

Parecia que o bichinho estava ali morando.

Mas era ilusão!

Bicho de pé!

Parece que hoje não se vê mais isso!

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 14/06/2017
Código do texto: T6027363
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