Oficina

Cheguei quase na hora marcada.

Era um daqueles prédios antigos.

Comecei a imaginar aqueles elevadores tenebrosos.

Ufa! Até que não era tão velho.

Senti o calor da acolhida.

Avistei a imensidão do espaço...

Era chuva que caía. O teto rangia.

Ideias fervilhando em meu peito.

Respirei fundo.

Abri os ouvidos e deixei entrar aquela infinitude ali constante.

Eram mulheres. Era um rapaz.

Cabelos brancos.

E eu ali entre as almofadas lançadas ao solo.

Não era eu quem escrevia.

A poesia pulava nas páginas pautadas que ali me foram entregues.

Surgiram aquelas velhas memórias.

Era setembro de novo.

Sentia fome.

Era aquele alimento que não ia chegar.

Levantei a vista.

Olhares atentos.

Senti o afago em cada expressão.

Lembrei do poeta.

Inalei aquele aroma de noite que acaba.

Retorno, enfim, solidão.

Marii Andrade
Enviado por Marii Andrade em 12/07/2017
Código do texto: T6052906
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