Oficina
Cheguei quase na hora marcada.
Era um daqueles prédios antigos.
Comecei a imaginar aqueles elevadores tenebrosos.
Ufa! Até que não era tão velho.
Senti o calor da acolhida.
Avistei a imensidão do espaço...
Era chuva que caía. O teto rangia.
Ideias fervilhando em meu peito.
Respirei fundo.
Abri os ouvidos e deixei entrar aquela infinitude ali constante.
Eram mulheres. Era um rapaz.
Cabelos brancos.
E eu ali entre as almofadas lançadas ao solo.
Não era eu quem escrevia.
A poesia pulava nas páginas pautadas que ali me foram entregues.
Surgiram aquelas velhas memórias.
Era setembro de novo.
Sentia fome.
Era aquele alimento que não ia chegar.
Levantei a vista.
Olhares atentos.
Senti o afago em cada expressão.
Lembrei do poeta.
Inalei aquele aroma de noite que acaba.
Retorno, enfim, solidão.