"Morena, Linda, Sensual, de Olhos Verdes" = Romance = Capítulo 44

Poucos dias depois Eliane estava em seu apartamento em Santos, preparando-se para uma visita de alguns dias a Romero, quando a campainha do interfone tocou.
- Quem é?
- Dona Eliane, é o Waldenilson, segurança do doutor Zafir. Ele me mandou entregar uma encomenda pra senhora.
- Que encomenda?
- Não sei dizer, dona Eliane, mas deve ser algum presente. É uma caixa bem bonita mesmo. Disse pra eu não deixar com mais ninguém. Só com a senhora. Posso subir?
Será que o homem do helicóptero resolvera seduzi-la depois de fechar o negócio? Não seria a primeira vez. Nem a última, se dependesse dela. A curiosidade foi mais forte que a precaução e Eliane destravou a porta do prédio.
- Pode subir. Abriu?
- Abriu sim senhora. Já estou subindo.
Eliane abriu um pouquinho só a porta e viu apenas o homenzarrão descer do elevador e encaminhar-se para o apartamento dela. Quando ele chegou bem perto uma figurinha muito menor surgiu de detrás de suas costas e, com a boca semi-desdentada escancarada em uma risada, disse quase gritando:
- Supresaaaaaaaaa.....
Eliane viu, apavorada, Geraldo surgir armado à sua frente. Não conseguiu emitir um som sequer e deu uns passos para trás. Geraldo entrou junto com o homem, pegou-a brutalmente pelo braço e jogou-a com enorme violência em cima de uma poltrona.
- Entonce, vagabunda do caraio, pensô que nunca mais que me via, né, fia de uma puta da porra? Vai me gozá de novo a cara, vagabunda dos inferno? Vai acorregi meus modo de falá, vaca desgraçada? Tu nem imagina quanta bronha bati pensando na tua xavasca, ordinária. Num sô homi de se esquecê das ofensa que recebi. Eu te comia em pensamento e ti matava logo depois. Mas agora isso vai esperá um pôco mais pruquê tu tá rica demais. Agora, depois que te come o rabo, desgraçada, eu quero toda tua grana no banco. Buscá tudo pra mim, cadela safada.
Enquanto falava feito um louco, bufando e cuspindo de ódio, Geraldo a possuía com violência por trás.
- Depois que te estorá toda, muié, tu vai fazer o maior checão da tua vida pra mim.
Terminado ato sexual, Geraldo fez sinal ao grandalhão que apontasse a arma na cabeça de Eliane e foi ao banheiro.
- Quando cabá de me limpá, puta, quero o cheque assinado direitinho.
- Se eu assinar o cheque em branco o banco não pagará. Foi o acordo que fiz com o gerente.
- Então bota quantia, mas tem que bem arta. Arta no valô da tua vida. E num tenta safadeza nenhuma, viu?
Eliane preencheu o cheque tranqüilamente, como se nada tivesse acabado de acontecer, entregou-o com um sorriso a Geraldo e sentou-se de braços cruzados em frente à tevê.
- Tá rindo de mim, cadela?
- Claro que não, Geraldinho.
- Então que sorriso é esse de besta?
- Tu rindo da sua meia-bomba. Pensei que era bem dotado e você tem um pingolim de neném.
Geraldo deu-lhe um sonoro tapa na cara e Eliane voltou a rir.
- Quando vortá com o dinheiro, já sabe: tá morta.
Eliane arregalou os olhos, assustadíssima:
- Geraldinho, não faça isso, pelo amor de Deus! Eu te imploro pela minha vida, Geraldinho.
Sem querer saber se ela estava mesmo assustada ou provocando-o, Geraldo saiu batendo a porta do elevador.
Eliane voltou a rir e olhou para o grandalhão:
- Você viu o tamanho da piroquinha do Geraldo? Menino bom pra fazer cócegas nas coisas da gente. Só me deu foi vontade de dar para um macho de verdade. Deixe-me ver o tamanho do seu instrumento.
O homem lhe mostrou a arma, confuso.
- Ô idiota, estou me referindo ao tamanho do que você tem entre as pernas. Deixe-me ver se é de acordo com seu tamanho.
- Ora, dona, meu negócio aqui é cuidar de você. Não me venha com truques.
- Está assistindo muitos filmes ultimamente, mentecapto. Eu vou morrer, não vou? Você ouviu o Gegê falando que vai me matar. Então eu quero uma puta trepada antes de bater as botas. Vamos, baixe as calças e me deixe ver. Ah, já sei...Já vi tudo...Com esse tamanhão todo deve ter um cisco de pinto, menor que do veadinho do Gegê, que pensa que é macho.
Enquanto o provocava, Eliane foi se despindo lentamente e rebolando sensualmente:
- Isso aí levanta ou é tímido, dos que só ficam olhando pra baixo?
Um tempinho depois o homem não se agüentou mais. Abriu o cinto e deixou as calças caírem ao chão.
- Minha nossa, moço!! Isso sim é um pênis!! Você pode até vender em pedaços pra fazer mangueira de jardim. Agora sim, eu morro feliz da vida. Venha me conhecer querido, mas venha logo.
Não resistindo à beleza e sensualidade daquele corpo perfeito, o grandalhão acabou por se livrar inteiramente das calças e da cueca e com as pernas meio abertas aproximou-se de Eliane, já com o “instrumento” armado e vibrando de desejo.
O pontapé que levou no saco foi tão absurdamente rápido que ele não chegou a ver o movimento das pernas de carateca de Eliane. Caiu ao chão com a dor incrível e logo depois sentia outra na cabeça. Desmaiou em fração de segundos.
Eliane riu e comentou para si mesma que sempre soubera que aquele horrível vaso dito Murano, pesado e forte, um dia lhe serviria para alguma coisa.
Correi até a área de serviço, pegou um pacote com a corda plástica de varal e voltou voando à sala. Alguns minutos depois o homenzarrão estava extremamente bem amarrado pelos braços e pernas. Cada movimento que fizesse provocaria maior aperto em seu pescoço, e ele logo perceberia isso.
Depois pegou o telefone e ligou para um dos bons amigos do falecido coronel. Pediu que mandasse com a máxima urgência alguns homens à paisana, bem discretamente, para o flagrante em Geraldo, quando este retornasse do banco.

Enquanto a polícia encaminhava-se para sua casa, Geraldo enfrentava a fila do banco, enorme àquela hora do dia. Jamais lhe passaria pela cabeça que com um cheque com aquela quantia em mãos poderia solicitar que o gerente o atendesse.
- Fila do caraio...Brasileiro tem mania de fila...ô povim de merda...ô terceiro imundo...
Quando chegou a sua vez foi com ódio de Eliane que ouviu do caixa que uma quantia tão alta teria que ser solicitada vinte e quatro horas antes e que precisariam da confirmação da emitente para o pagamento. Saiu do banco disposto a apenas matar Eliane com o máximo de sofrimento e agonia possível.
Com um pontapé bem dado arrebentou a porta do prédio e subiu as escadas pisando duro. Estava pouco se importando de fazer barulho e chamar a atenção. Espumava de ódio. Simplesmente entraria no prédio e atiraria nos pés, nas mãos, nas orelhas, nas bochecas, enfim, em todos os lugares onde a morte chegasse a Eliane por hemorragia, bem devagar.
Ao entrar no apartamento várias armas foram apontadas para sua cabeça ao mesmo tempo.
- Está preso, vagabundo. Tentativa de roubo seguida de morte. Não sai mais da cadeia, ordinário.
- Ordinário e impotente. Tentou estuprar-me mas, coitadinho...Já não dá mais no couro, não é, Gegê?
Geraldo, no paroxismo do ódio, estrebuchava nos braços dos policiais. Se fosse rico, teria, naquele momento, oferecido tudo que possuía aos policias só pela chance de matar Eliane enforcada. Só se acalmou com uma boa coronhada na cabeça.
- Às vezes somos obrigados a usar de psicologia.- disse, rindo,um dos policiais. Depois guardou a “psicologia” na cintura. Era calibre 45.
Voltando a si quando era enfiado em um camburão, Geraldo ainda ouviu Eliane dizer aos policiais, depois de encará-lo rindo:
- Apesar de homossexual, ele é perigosíssimo.
Geraldo tentou pular da viatura, mas o policial levantou a “psicologia” e ele ficou quieto, apenas encarando-a com todo o ódio do mundo.
Eliane deu tchau pra ele:
- Tchau, meu rei. Você ainda fala “ a gente fomos”, queridão?
- Puta, nem que seje a úrtima coisa que eu face no mundo, mas que vô te matá, eu vô. Iscrevi o que tô dizeno.

=Continua amanhã

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 14/08/2007
Reeditado em 15/08/2007
Código do texto: T607067
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