Doce Sensação.

Esperando o sono, lá estava Leica, com dúvidas corriqueiras importunando a madrugada, que já se fazia presente. O relógio quase convidando a sonoridade dos pássaros e ela impaciente por não encontrar forças para gritar, esbravejar ou até mesmo chorar, remexia-se por entre as cobertas que impediam o fluxo de suas ideias.

Porque, tudo analisado reestruturava o medo do seu sorriso, da vida farta que levava e ainda a sombra do futuro espessa e esfumaçada; oprimia o passar do tempo. Uma vez que, a liberdade havia perdido o sentido, em meio aos relacionamentos soltos sem compromisso, costumeiros de sua mocidade.

A claridade sorrateiramente bailava na cortina em sua janela, mas o silêncio e o conforto da cama, não lhe faziam carinhos.

Levantou e foi estudar, antes leu o poema Tabacaria de Álvaro de Campos. Por muito tempo se deteve, com olhar perdido, querendo consultar nos verso que lia os pontos que lhe afligiam. Pois, em sua doce meiguice, pretendia que como ela, o poeta estivesse “Perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu” e isso implicava no conhecimento pessoal dos dois.

Nessa uniformidade pensada, Leica se imaginou nos braços de Álvaro, como uma menina perdida buscando um alvo, um retorno, enfim, um recomeço. Incrivelmente ela sentiu-se protegida, acreditando na possibilidade fantástica, da morte de todos os seus problemas.

Norma Barros
Enviado por Norma Barros em 15/08/2007
Reeditado em 06/08/2018
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