Será o fim?
  
Os olhos se abrem. Fátima alonga seu corpo ainda na cama. Levanta-se. Abre a janela. Segue para o seu banho. Arruma-se. Tudo está normal. O dia está lindo. Dirige-se a cozinha para preparar seu café. Liga a TV da sala, para ouvir o telejornal. Mas espanta-se, nenhum canal está no ar. Vai até a porta, para pegar o jornal. Não há jornal.  Toma seu café em seguida, sai para o trabalho. No carro, liga o rádio. Só ruídos. Nenhuma rádio no ar. Observa as ruas, vazias. Lojas fechadas. Pára o carro. Está ela sozinha, na imensidão da cidade.

Naquele momento, Fátima sente o desespero. Estará ela sozinha no universo? Sente uma angústia. Não pode ser. O tempo parou. Não há movimento. Onde estão as pessoas? Por que só ela está ali?

Em seu desespero, Fátima abandona o carro, e sai andando. Grita. Ninguém responde. Senta-se na calçada. De repente, sente um toque em seus ombros. Ela ergue os olhos.
- Moça, me dê um pouco de comida. Não como há dias. Fala o homem.
Fátima o olha e diz:
- Conheço o senhor. Não é o...
Antes de terminar a frase, o homem diz.
- Sou eu sim. Fui uma pessoa importante. Presidi o maior órgão do parlamento brasileiro. Mas cometi erros e fui punido. Perdi tudo. Hoje, estou assim. A senhora pode me dá algo para comer?

Fátima não acredita. Está boquiaberta. O que a assusta mais, as pessoas terem sumido ou ver que o crime de colarinho branco não ficou impune?

A moça passa a mão na cabeça. Sente algo por trás. É seu travesseiro. Está ela deitada ainda. Tudo foi um sonho. Liga a TV, está passando o Bom dia Brasil, com o comentário dos apresentadores, de que a cada dia, a caixa preta do caso Calheiros, surge mais fatos, mas até agora, nada foi concluído.

Tudo não passou de um sonho. O Brasil continua igual. E a imprensa, denuncia. Agora, o Top Top prevalece. 

- É...Tem jeito não...Agora, é relaxar e gozar...