Amor se faz.
A primavera se aproxima, Leica vive tão somente o mesmo amor. Tranqüilamente apaixonada em pensamentos é transportada para longe, muito longe, onde guarda os sonhos.
Pairando no ar, a sua memória brilha fortalecendo momentos que amou, não apenas o corpo masculino, mas também, os segredos e o coração daquele homem, que o destino amargamente, o desviou. Muitas vezes, tinha uma visão de perda e ao mesmo tempo se recolhia por saber que a vida lhe organizava os caminhos, cujo Álvaro percorria.
Sabendo ela que, não havia espaço para mais uma vez amá-lo, se apegava ao primeiro encontro, quando desprotegida buscava esquecer o último. Dentro de sua bíblia, havia o conto VIII de “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro, relatando o sonho com o menino Jesus fugindo do céu. Leica imaginava a falsificação do mundo em que estava e como o menino, pretendia fugir da realidade que não lhe sustentava.
Nesse domínio descabido, via o contraditório e a ampla defesa de um amor que limitado em seu íntimo, resistia aos anseios de uma simples amizade, a qual abominava.
E assim, faz amor, esperando não mais a forma física do ser amado, mas a nova estação colorida e perfumada.