No mundo da lua

Desligado era o João, costumava ser assim desde a infância quando vira a lua com seu telescópio Refrator 70mm pela primeira vez, aquele dia marcara totalmente a vida do menino. Ele vivia literalmente no mundo da lua.

Boa parte de sua adolescência foi gasta estudando sobre astrologia, enquanto os garotos dessa idade gostavam de sair e namorar, João optava por ficar no quarto com a companhia da inseparável amiga, a lua.

O seu maior sonho era viajar para a lua, ele tinha isso dentro de si e nada poderia tirar.

Por anos e mais anos, João estudara assiduamente em busca de concretizar o seu sonho. Foram lutas.

Ele sabia que não seria uma caminhada fácil, ainda mais sendo pobre e não tendo as mínimas condições financeiras de estudar em boas faculdades.

Para se tornar um astronauta era necessário inglês fluente e graduação e pós-graduação na área das Ciências Exatas – Engenharia, Matemática, Física – ou Ciências Biológicas. Além de ter que ser cidadão americano, mas pode ter chances com parcerias de agências espaciais de governos estrangeiros.

Ele se empenhou, lutou e conseguiu concluir a graduação e pós em Física.

Trabalhou na área por alguns anos, apenas por que exigia que exercesse a função por 3 anos.

Ainda faltava concluir o curso de Inglês e de piloto.

João era muito destemido, a força que ele tinha era algo inacreditável.

Já com seus 45 anos, a cada dia mais saboreava a tão sonhada ida para o EUA. Ele era confiante, muito.

No ano seguinte, prestes a completar 46 anos, João conhecera uma amiga de uma amiga da faculdade que tinha contato com a Agência Espacial Européia. Isso era a porta de entrada para a sua felicidade. Algumas pessoas ao seu redor debochavam, falavam que era para ele sair do mundo da lua e cair na real.

Uma vida inteira entregue ao seu sonho de menino, entretanto uma peça sem graça do destino iria pôr a prova tudo que ele conquistara até agora. Justamente no dia em que ele iria subir mais um degrau, acabou que desceu, literalmente.

Em uma manhã costumeira, João escorregara na escada, batendo com as costas e desmaiando. Depois de uma hora apagado, acordou e caiu em si, quando tentou se levantar, não sentia as pernas, em um grito louco de desespero, misturado com um pranto de raiva, João, enfurecido, batia nas pernas...

Depois de alguns minutos a ambulância chega e o leva para o hospital.

Exames e mais exames são feitos e depois de algumas horas finalmente dão a ele o que seria de sua vida a partir daquele momento. O médico gentilmente disse que nunca mais voltaria a andar, pois tivera uma lesão na coluna irreparável. João com lágrimas nos olhos, apenas abaixou a cabeça... Mas algo nele ainda podia ficar de pé...

João não desistiria, sabia que assim como disseram que ele não conseguiria chegar aonde chegara, não seria um médico que desenganaria ele. A luta apenas começara...

Seria apenas mais um obstáculo, isso ele tinha certeza...

Durante 3 anos de fisioterapia incessantes, João conseguiu o milagre, voltou a andar...

E alguns anos mais tarde o ônibus espacial Columbia II entrava no espaço sideral, e o astronauta João Oliveira da janela chorava olhando para a tão distante Terra, nesse instante passava um filme inteiro em sua cabeça, com um sorriso largo no rosto, se vira e fita a sua amiga de infância, a lua. Ele pensou que já podia morrer...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 20/12/2017
Código do texto: T6203536
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